Padam? Padam: como uma batida de coração reanimou uma carreira de 35 anos



Se você, assim como eu, estava ligado nas redes sociais nos últimos dias, é possível que tenha visto a palavra Padam por aí. Seja no Instagram, Twitter ou TikTok, a "Padamia" é o resultado de uma enxurrada de memes, comentários e vídeos envolvendo o assunto, vindos até de empresas e marcas mundiais. Porém, caso você não saiba o porquê, nem como isso surgiu, é importante dizer que há um motivo para todo esse frisson: Padam Padam, primeiro single do novo álbum da cantora australiana Kylie Minogue, que foi lançado no último dia 18 de maio e vem chamando a atenção dos amantes de música pop.


Nesse momento, você pode estar se perguntando quem é essa cantora, já que seu nome não é tão conhecido no mundo da música. Em resumo, Kylie Minogue é uma artista que iniciou sua carreira ainda criança no final dos anos 70. Até 1988, ela atuou em várias novelas e séries australianas, obtendo maior sucesso no país ao atuar como Charlene Mitchell na novelinha Neighbours.

Mas, em 1987, a carreira e o mundo dela mudaram completamente quando entrou no mundo da música, já alcançando altas posições na Austrália com sua versão do hit dos anos 60 Locomotion. Posteriormente, seu nome ganhou mais notoriedade ao estrear I Should Be So Lucky, seu primeiro single a nível mundial, que conquistou o primeiro lugar nas paradas britânica, australiana e irlandesa. Aqui no Brasil, esta até ganhou versão da Simony com o título "Acho que Sou Louca".

O que importa mesmo é que, a partir desse momento, a carreira de Kylie passou por vários altos e baixos. Aperfeiçoando sua imagem, ela enfrentou alguns momentos difíceis com a mídia e público nos anos 90, mas não desistiu. Seu maior pico de sucesso, certamente, veio entre 2001 e 2002, no lançamento de Can’t Get You Out of My Head, primeiro single do álbum Fever. Essa música tocou em, praticamente, todos os lugares do planeta, e se você vivenciou o ano de 2002 (e ouvia bastante o rádio), com certeza já deve ter escutado o “la la la” inconfundível dela.




Hoje, após 35 anos de carreira e com recentes 55 anos de idade, as coisas se acomodaram um pouco. Kylie passou por um câncer de mama, por trocas de gravadoras e alcançou um status de lenda musical pelos tabloides com vendas de álbuns superando 80 milhões de cópias. Ela continua lançando álbuns, porém não alcança tanto sucesso mundial quanto antes, e o preconceito com a sua idade no meio pop é um grande fator para isso.

As rádios deixaram de dar uma atenção significativa a seus singles, e os álbuns conseguem boas posições nos principais mercados aos quais ela se destina devido aos lançamentos físicos, como CDs, vinis e fitas cassetes. Essa estratégia, vista até como antiquada em razão do peso absurdo dos streams nas plataformas de áudio em comparação às vendas de materiais físicos, parece funcionar bem para ela, que obteve um recorde em 2020 no Guinness Book como “a primeira artista feminina a emplacar, pelo menos, um álbum em primeiro lugar em cinco décadas diferentes no Reino Unido”.

Bom… Tudo parecia ter se estabilizado e até a Kylie já tinha admitido não se preocupar tanto com posições de suas músicas nas paradas quanto antes. Nesse momento, eu tenho que admitir que sou fã dela desde 2014, então até eu já tinha desencanado de ver qualquer barulho com seu nome nas redes sociais. Eu nunca havia passado por algo próximo ao seu momento de maior sucesso em 2002… Até agora.

Lembro que quando a Kylie anunciou Padam Padam como primeiro single de seu novo álbum, intitulado Tension, o que chamou a atenção de início foi seu título. O termo Padam tem vários significados, mas neste contexto em específico representa a batida de um coração, sendo também uma referência à música homônima de Edith Piaf.

Esse anúncio veio com um trecho rápido, que mostrava a sonoridade eletrônica tão aguardada por vários fãs há anos, que já começaram a divulgar o conteúdo nas redes sociais. Com essa propagação, pessoas de fora do fandom abraçaram a música e os memes começaram a surgir. A movimentação chegou a tal ponto que até marcas divulgaram o single e a artista, destacando-se a Skol, Claro Brasil, Magazine Luíza e Shopee. E, assim, soubemos que Kylie Minogue estourou a bolha da música pop mais uma vez.


Só para ter uma noção, Padam Padam conseguiu feitos inacreditáveis para uma carreira tão longeva. A música figurou entre as 30 mais vendidas da semana no Reino Unido e entre as 40 na Austrália, principais mercados de Kylie, posições estas que ela não conseguia desde 2014 e 2012, respectivamente. Rádios importantes a incluíram na sua programação e o nome “Kylie Minogue” permaneceu nos Trending Topics do Twitter Brasil por mais de 48 horas.

E mais resultados estão por vir, já que a música continua subindo em posições no Spotify do Reino Unido, Austrália e Irlanda. Mesmo que ela não precise provar mais nada, é seguro dizer que essa "batida de coração" reanimou uma carreira longa, que já tinha seus recordes e momentos de excelência, de modo repentino, acelerado e inesperado.

O que virá pelo futuro, não sabemos totalmente ainda. A artista anunciou um CD físico contendo o single e uma versão estendida na última semana, em uma tentativa de aumentar ainda mais as vendas. Mais performances da música são esperadas, já que a única feita por Kylie até agora aconteceu no palco do American Idol uma semana atrás. Em entrevistas e vídeos publicados nas redes sociais, ela já está feliz com o alcance e os memes produzidos, e pede cada vez mais engajamento em seus materiais.

Nós, fãs de música pop, torcemos por resultados cada vez melhores, tanto de vendas quanto de qualidade. Padam Padam foi uma boa amostra do que pode vir pela frente no Tension, que tem o lançamento marcado para o dia 22 de setembro deste ano. Ao que parece, essa nova era tem tudo para contradizer seu título: em questão de sucesso, não há "tensão" alguma à vista.

Continue lendo...
Nenhum comentário
Compartilhe:

EM CARTAZ: A Pequena Sereia (2023)

(Foto: Divulgação/Disney)

O meu aniversário de 6 anos de idade foi de A Pequena Sereia. Desde que me entendo por gente, até a adolescência quando passei a ter um carinho maior pela Bela, a Ariel é minha princesa preferida. Quando vi que o live-action traria uma atriz negra para o papel, não tive como não me emocionar. Porém, apesar de tudo, sempre tentei me conter em relação às expectativas, por saber dos riscos de uma adaptação como essa.

Enquanto o filme original é de 1989, o live-action estreou nos cinemas na semana passada. Com Halle Bailey no papel principal, a história acompanha Ariel, uma pequena sereia que sonha em vir para o mundo dos humanos, principalmente depois de conhecer o jovem Eric. No elenco, além da afilhada de Beyoncé, temos nomes como Javier Bardem (Being the Ricardos), Melissa McCarthy (Gilmore Girls), Awkwafina (Crazy Rich Asians) e Jonah Hauer-King (A Caminho de Casa). Na direção, o primeiro é assinado por John Musker e Ron Clements, e o segundo é de Rob Marshall, que também dirigiu Chicago, O Retorno de Mary Poppins e Into The Woods.

Vale começar dizendo que a adaptação, em relação ao roteiro e reconstrução de cenas, é muito fiel ao filme original, em animação. Para escrever essa resenha, me propus a reassistir o desenho animado da Disney, à título de comparação mesmo, e, basicamente, o filme inteiro parece estar no live-action, com exceção de uma cena ou outra que ficou de fora ou foi substituída.

A primeira coisa que me surpreendeu positivamente foram as cores. Pelos trailers, havia um grande risco da Disney ter esquecido como se usa a ferramenta de cor e saturação, porque tava tudo apagado e sem vida. Mas, isso não aconteceu. Temos cores, muitas cores, vivas e vibrantes, trazendo a alegria que o filme pede. As cenas do fundo do mar, principalmente na hora do hino “Aqui no Mar”, música cantada pelo siri/caranguejo Sebastião, são lindas. Os animais, algas, todos esses detalhes… Fiquei encantada.

No visual, o filme deixa a desejar em alguns aspectos. O primeiro ponto que me incomoda, e acho que foi um comentário geral, é que o excesso de realismo acaba por “estragar” a brincadeira. Apesar de não ter tanto problema com o Sebastião enquanto caranguejo de verdade, o pobre do Linguado é sofrível. A falta de carisma na aparência consegue ficar “menos pior” graças ao Jacob Tremblay e à dublagem brasileira.

(Foto: Divulgação/Disney)  

Ainda nessa parte de design de produção, senti falta de um capricho maior na escolha de roupas e penteados, principalmente da Ariel. Se sustentaram uma personagem negra e de tranças, faltou ter mais empenho no desenvolvimento dos seus traços visuais. A roupa do clássico “Beije a Moça”, que na animação é uma das minhas roupas favoritas e com o laço no cabelo dando o toque final, aqui fica muito aquém do que pede a cena – e o filme, no geral. A faixa no cabelo da Halle com o vestido do jeito que ela usa nessa sequência me incomoda tanto que não consegui deixar de pensar se seria essa mesma escolha se ela fosse uma atriz branca, mas isso é uma conversa pra outro momento.

E fechando o tópico, faltou também uma dedicação maior na maquiagem da Úrsula. A personagem tem referências ao mundinho Drag Queen, ela é a vilã e parte do eixo principal da história, mas tá usando um carimbo verde em cada olho e o maquiador jura que tá abalando. Cadê um cílio de respeito, sabe? Um bom delineado e outra cor de sombra. Faltou vontade. Quis se provar demais e deu ruim.

Enquanto parece que tem mais coisas boas do que ruins no filme, é preciso ressaltar como a escolha da Halle pro papel foi certeira. Eu já gosto muito da atriz por conhecer seu trabalho em Grown-Ish e estava ansiosa pra vê-la como Ariel. A jovem tem uma voz que emociona, uma beleza que encanta e esbanja talento no papel da Pequena Sereia. Ela tá leve na personagem, a gente consegue sentir do outro lado da tela o quão realizada ela está e isso vale demais.

Fica também os louros para a atuação de Melissa McCarthy. Enquanto muitos podem não ter gostado da atriz como Úrsula, por não dar medo ou coisa do tipo, eu já credito a ela o mérito de ter dado mais carisma à personagem, mesmo sem transformá-la em uma criatura simpática ou amável. Ela é irônica, malvada e ainda assim te cativa.

(Foto: Divulgação/Disney)  

Dentre as coisas que me encantaram, preciso dizer que a sequência em que o Eric apresenta a vila para Ariel e ela conhece pessoas, parte da cultura, a música e dança local, é uma das melhores. Ela é tão enérgica, colorida, viva e não deixei de notar um quê de africanidade nas referências, o que deixa tudo ainda mais simbólico. Tem a Úrsula disfarçada, que também é muito boa; tem o Sabidão da Awkwafina e o próprio Sebastião, que roubam a cena; e, por fim, a diversidade nas sereias que vivem as irmãs da Ariel: tem amarelas, pretas, brancas, etc.

Retomando ao rol de pontos negativos antes das considerações finais, o príncipe Eric não vai se safar. Jonah King não é um ator ruim, mas ele não consegue segurar o papel, e essa é uma opinião totalmente pessoal. O Eric foi meu primeiro crush na infância, quando eu nem sabia o que era isso, e parte do motivo é porque o personagem é gentil, sorridente, mais encantador que o Príncipe Encantado e no live-action ele só… Não consegui me conectar com o personagem interpretado por Jonah, faltou um temperinho.

Já que engatamos no Eric, fica também a menção a sua música e toda àquela cena. Me causou certo constrangimento do nível que só senti com o Kristoff cantando em Frozen II. As novidades musicais e toda a trilha sonora do filme ficou por conta de Lin-Manuel Miranda, que eu amo, inclusive. Ele é excelente no que faz e, ao meu ver, é no Eric que não brilha. Ou melhor, neste Eric.

Tem outros pontos que me incomodam, mas não o suficiente para estragar a experiência, como a atuação engessada do Javier Bardem ou mesmo as falhas no CGI – e o uso de cenas escuras, bem no estilo Game of Thrones, para tentar disfarçar. Apesar do que pode parecer, acho que o saldo final do filme é mais positivo do que negativo.

(Foto: Divulgação/Disney)

A história não termina com casamento ou subordinação. Fala sobre sonhos, sobre desejos e sobre realizá-los. E vai muito além disso, obviamente.

É impossível eu, sendo eu, avaliar esse filme somente por seus aspectos (ou falhas) técnicos. Ele poderia ser melhor? Poderia, de fato. Não só ele, como vários outros trabalhos já feitos. Contudo, o que a Disney e a Halle Bailey fazem com esse trabalho vai muito além do Cinema. É sobre o que, na verdade, deveria estar sendo falado.

Desde quando saíram os trailers, vimos a internet ser tomada por comentários racistas, mas vimos também um tsunami de vídeos de meninas pretas emocionadas por se sentirem representadas por sua princesa preferida. Não foi o meu caso, quando eu tinha lá os meus 6 anos, mas que bom que esse tipo de coisa tá sendo reparada.

Foi a Bea de 2004 que eu levei ao cinema pra assistir A Pequena Sereia e ela saiu de lá apaixonada, representada e feliz. No fim das contas, acho que é isso que vale mais.

Nota: 8/10

Continue lendo...
Nenhum comentário
Compartilhe:

CAFÉ COM PAUTA: de DJ a rainha de reality show internacional, conheça Chloe V, a brasileira do Queen Of The Universe

(Foto: Divulgação/Paramount+)


Cantora, DJ e agora parte do elenco da segunda temporada de Queen Of The Universe, reality show produzido por RuPaul que, no Brasil, estreia no dia 3 de junho, a drag queen Chloe V bateu um papo com o Clubinho. Ela falou sobre a experiência de estar na nova temporada e carregar o legado do Brasil no programa que, em 2022, foi vencido por outra brasileira, Grag Queen. A artista, que integra o universo drag há anos, também destacou o tempero brasileiro nessa arte e comentou sua participação no grupo As Baphônicas.

Para torcer por Chloe V em Queen Of The Universe, basta acessar a Paramount +. Nesta temporada, 10 drags de nove países disputam o prêmio de 250 mil dólares. Além da brasileira, participam da disputa representantes do México, Holanda, Filipinas, Israel, Reino Unido, Itália e Austrália. Confira abaixo a entrevista.

Chloe, você está participando de um reality show de calouros. Quais são suas referências musicais e no mundo drag?

Todo mundo se surpreende quando falo, mas eu gosto de Fat Family, Vanessa Jackson e das old classic divas também. Pode soar esquisito, mas não me inspiro muito em outras drags. Na verdade, no começo, eu pegava referências do universo pop e hoje me inspiro mesmo nas minhas amigas, que estão comigo no dia a dia, no corre. Essa troca é o que faz a nossa personalidade.


Estamos muito habituados a reality com drags, mas só mais recentemente começamos a ver brasileiras nessas competições. Qual o nosso diferencial competitivo?

As drags brasileiras conseguem tirar leite de pedra. Nunca vi coisa igual! Eu vejo drag com R$ 50 fazendo coisas tão extraordinárias. Somos muito, muito talentosas. Estou há muito tempo nesse meio e a gente arrasa!

Como Chloe V chegou no Queen Of The Universe?

É engraçado, porque me inscrevi para a primeira temporada, mas só me chamaram na segunda. “Oi, vimos sua inscrição. Podemos usar ela para a segunda temporada?”. Claro que eles podiam, né?

Fiz a seleção rouca, depois de quinze dias bebendo no Ano Novo, mas deu tudo certo! Quando passei, não tinha caído a ficha ainda, mas na hora que eles dizem que você vai fazer parte do Queen Of The Universe, você começa a chorar. Chorei e não parava mais. Foi a maior experiência da minha vida. É um sonho mesmo, não tem como explicar!

Quando você chega lá e vê o tamanho do programa, do estúdio, dos camarins e todo mundo animadíssimo é incrível. Você passa um mês acreditando que o amor existe. E, depois, você volta para o Brasil (risos). Mas, brincadeiras à parte, eu não via a hora de voltar para o Brasil, tomar meu açaí… O brasileiro não valoriza o Brasil, mas quando você vai lá para fora, percebe que o Brasil é babado também!


Uma das principais avaliações do reality é a voz. Essa temporada já está dublada. Agora é a sua vez de julgar, o que você achou da sua voz na dublagem brasileira?


Eu estou louca para que as outras participantes, dos demais países, também se vejam dubladas. Eu morri de rir, amei! Acho fantástico mesmo. Esse trabalho de dublagem brasileira é muito interessante. Ao mesmo tempo que tira um pouco da emoção, dá uma emoção diferente. O dublado é muito mais animado. Pessoalmente, as meninas são mais tranquilas, mas a dublagem brasileira dá um toque especial. E drag é para a gente rir, para a gente se divertir, então eu amei!

Na primeira temporada, uma brasileira voltou com a coroa para casa. Você sente a pressão para manter a coroa no Brasil?

Eu amo a Grag Queen. A bicha canta demais! Ela merece tudo, tudo, tudo. As brasileiras estão dando o nome. E pode não parecer, mas não existe tanta pressão de vir depois da Grag. Cada drag é uma drag e eu acho que todas juntas que fazem esse nosso universo mesmo.

Como sua experiência prévia na carreira solo e com as Baphônicas te ajudou na competição?

Vou contar um segredo: eu não tinha carreira solo. Comecei a produzir minhas músicas solo antes da pandemia, aí ela chegou e meu sustento foi embora. Arquivei essa era. Voltei a produzir bem na época da seleção para o Queen Of The Universe. Mas, na verdade, a minha carreira nem veio ainda.

E eu amo as Baphonicas! Foi uma loucura! A gente se lançou despretensiosamente e, de repente, a gente estava viajando o Brasil inteiro cantando uma única música só (risos). Foi muito reconhecimento. A gente cresceu muito como drag, principalmente porque passamos muito perrengue também.

Qual o maior desafio que enfrentou na competição?

Minha maior dificuldade foi a comida. Em Londres eles enfiam pimenta em tudo! No estúdio tinha um chefe, mas fora, se você fosse comer no hotel… pura pimenta. Eu penei, viu!? Eu e a Maxie, das Filipinas. De resto, foram só flores!


Quanto você investiu para estar lá e qual o seu maior diferencial?

Gastei trilhões! Olha, eu acabei de pagar mês passado meus looks. Gravamos há quase um ano e foi um tiro, só terminei de pagar agora. Mas valeu tudo a pena! Gastaria o dobro se pudesse, sem dúvidas.

Meu diferencial é o rosto! O rostão dela e o corpitcho da gata; as brasileiras são famosas pelo corpo. Eu não deixei a desejar. O sucesso brasileiro, que é o bundão, estará lá!

Como é a experiência de participar de um programa em língua não nativa e como foi a recepção das demais concorrentes de uma participante que representa o Brasil?

“Fala inglês?” “Falo, lógico” Uma coisa é dizer que fala inglês, outra coisa é ter carisma em inglês. No final eu já estava melhorzinha, mas no início… Eles falavam comigo no retorno e eu não entendia o sotaque britânico.

Agora eu já consegui fazer até umas piadinhas em inglês! E, a cada dia que passa, meu inglês está indo embora de novo. Estou tentando praticar para ser essa international diva, para manter o inglês para cima, mas eu falo com as outras participantes e elas “Chloe, o que está acontecendo?” (risos).

Qual a sua expectativa para a recepção dos fãs brasileiros da franquia?

Eu espero que o povo goste de mim. Tentei ser 100% eu. Eu sou essa pessoa, sou super bagaceira mesmo e espero que o povo goste. Quis botar bastante português na competição, porque achei que ia ser bapho.

Você vê o Queen Of The Universe como um trampolim para sua carreira internacional?


Com certeza! Fica aí a dica para a RuPaul. Tudo o que eles falarem “quer fazer?”, eu faço. Se for preciso gastar o triplo, eu gasto mesmo. Eu amo! Quero viver essa experiência para sempre. E, realmente, na hora que você vai embora, na hora do “it’s over”, dá uma tristeza muito grande. E, se Deus quiser, em 2024, estarei no RuPaul’s DragCon também! Mas vou falar: eu vivi essa experiência a cada segundo.

Você é um dos grandes nomes da noite carioca, já rodou o país com seu trabalho como DJ. Depois dessa experiência no Brasil, como foi integrar o cast do Queen Of The Universe?

Amo o Brasil, cada cantinho. Se eu pudesse trocar o Brasil, não trocaria. O brasileiro é muito apaixonante e o calor daqui não tem igual. Dizem que eu tenho uma tranquilidade cênica e foi tudo muito tranquilo lá no programa. Acho que, por não ficar tão nervosa, consegui curtir mais os momentos.

Como foi conhecer pessoalmente as juradas Michelle Visage, Trixie Mattel, Vanessa Williams e Mel B?

A Michelle eu já conhecia, porque ela já tinha vindo ao Brasil em uma turnê de RuPauls Drag Race e eu fiz o show de abertura. Depois teve um meet and greeting com várias drags e Michelle. Cheguei a falar com ela e óbvio que ela não vai lembrar, mas eu já a conhecia (risos). É maravilhoso! Como elas são bonitas, não têm um risco no rosto… Maravilhosas.

Mel B também! E elas são pequenininhas. Meu goal era falar com Mel B e eu amei! Imagina você conhecer alguém famoso que sabe seu nome!? É muito louco! Nos intervalos a gente tenta falar com elas e só isso já vale a pena. Sou muito fã das Spice Girls e acho que elas me libertaram para o mundo para ser uma criança mais afeminada, mais queer, mais livre para tudo!


Qual a sua inspiração na escolha do look para cada episódio? Tem a ver com a música cantada?

Tem, tem sim! Se é Beyoncé, você usa um vestidão. Se é Pabllo Vittar e Gloria Groove, você não vai de longo, né? E cada episódio tem um tema. Você tem que pensar músicas que consiga se mostrar bem, dentro do tema e que ainda combine com o look. Se a música é de dançar, você não pode fazer um look super difícil, nem um look que seja só para jogo. Aprendi muito com isso. Evolui uns 50 anos nesse processo. Antes eu era mais básica e agora eu quero jogar pedra em tudo. Agora eu faço parte da franquia, é outra coisa (risos).

Como está sendo para você representar o Brasil para o mundo em um programa com o maior selo voltado ao mundo drag?

O selo RuGirl, da RuPaul, é uma grande responsabilidade. Hoje você vê drags bem sucedidas e isso é tudo graças a eles [da equipe da RuPaul], que fazem isso acontecer. É óbvio que a gente quer evoluir, mas a arte drag é tão desvalorizada no Brasil que fica difícil pensar um caminho.

O Queen Of The Universe abriu um túnel de oportunidades para mim. Acho que foi o programa que eu mais gostei de assistir. Acho ele colorido, mais sparkle, é uma outra energia. Eu amo programas de calouro, de canto! E é diferente estando fora do palco. Quando você pisa naquele palco imenso, você pensa “caramba! Agora a competição começou”.

Nós somos uma potência na arte drag com a música. O Queen Of The Universe seria, finalmente, o reality show para apresentar nossas drags para o mundo?

Eu acho que o Brasil é o lugar que mais tem drags cantoras (e muito boas!). Conseguimos rapidamente fazer uma lista com 10 que cantam muito bem, que dão o sangue mesmo, que têm um talento de verdade.

Eu acho que o Queen Of The Universe não é tanto para ser uma vitrine para as brasileiras, porque tem ainda a barreira da língua, né? A barreira da língua é o que impede a gente de ver cinco brasileiras lá no programa. Tirando isso, estamos no páreo sim! Mas sabendo inglês, você pode se jogar. Realmente, a gente tem que correr atrás. Mas eu também fui tentando ensinar português para o pessoal. No fim, já estava todo mundo “muito obrigado, muito obrigada” pra lá e pra cá.

Você falou bastante de divas pop. Como você acha que vão reagir à música escolhida para o primeiro episódio?

Minhas opções no programa não são necessariamente minhas inspirações da vida. Na adolescência, eu fui muito emuxa. Kelly Clarkson nos anos 2000 também é uma inspiração musical minha. Acho que a WOW Entertainment viu isso em mim e quis mostrar esse meu lado. Acho que deu 100% certo. Spoiler: minhas próximas músicas também serão puxadinhas para o rock.


Que conselho você daria para as brasileiras que estão começando a se montar?

Olha, hoje o mercado está um pouco difícil, hein!? Em 2015, 2016 teve um boom, mas é mais difícil atualmente. Acho que você deve participar de uns concursos para descobrir no que se encaixa: influencer, DJ, dançarina, drag de concurso. Se joga e não olhe para trás, porque se você olhar para trás e vir as contas… (risos)

Drag é isso: um constante aprendizado, uma constante evolução. Não existe isso de olhar e falar “já tá bom”. A gente quer sempre mais. Se montem, se joguem e descubram o que tem aí dentro de vocês! Às vezes nem é drag, mas pode ser algo maravilhoso, uma arte incrível.


Onde assistir? Paramount+

Continue lendo...
Nenhum comentário
Compartilhe:

Meu Vizinho Adolf e a mão estendida da empatia

(Foto: Luis Cano/ Divulgação)

Depois de uma vida atravessada pelos vazios que o nazismo deixou, o senhor Polsky, um sobrevivente do holocausto, vê pessoas estranhas chegando em sua região. Atento às características daquele grupo, logo percebe que se tratam de alemães. Certo de que seu vizinho é ninguém menos que Hitler, Polsky embarca em uma jornada para provar que suas suspeitas não são mera coincidência e o resto é história - que Meu Vizinho Adolf! nos conta em pouco mais de 1h30.

Confesso que, embora já tenha visto algumas propostas narrativas semelhantes, quis assistir ao filme por seu caráter cômico. Meu Vizinho Adolf! te convence a assisti-lo já nos primeiros segundos do trailer, sem muitas firulas. E, de fato, o longa, cujo roteiro é assinado por Leon Prudovsky e Dmitry Malinsky, entrega variadas cenas de alívio cômico. O que nos prende até o fim, no entanto, não é a comédia, mas sim a banalidade da narrativa que nos apresenta o cotidiano de dois senhores com estilos de vida nada complementares.

Determinado a coletar as provas de que precisa, Polsky se envolve com o vizinho e nos carrega junto nessa jornada. É um caminho sem volta, porque, em algum momento que não percebemos bem, Meu Vizinho Adolf! nos transporta a um embate pessoal: à medida que Polsky (ou nós mesmos) se envolve com o vizinho, a capa de vilão vai caindo e aquela pessoa, que pode ou não ser Hitler, vai se tornando um ser humano. Mas e se for Hitler mesmo? Podemos gostar desse personagem? Devemos nos permitir criar afeto? Queremos estender uma mão afetuosa aos problemas de alguém como ele?

São muitas as perguntas e não há garantias de que as respostas estão no final do filme, mas, certamente, elas estão em você. Assim como estão em mim. E são diferentes para cada pessoa. Um produto das nossas verdades e mentiras pessoais, da própria ética que subjetivamente construímos durante a vida… Uma grande e reflexiva questão.

Mas, se seu vizinho fosse Adolf Hitler, você estenderia a mão?

Nota: 9/10


Título Original: My Neighbor Adolf Direção: Leon Prudovsky Roteiro: Leon Prudovsky, Dmitry Malinsky Elenco: David Hayman, Udo Kier, Danharry Colorado, Jaime Correa, Kineret Peled, Olivia Silhavy, Jan Szugajew Distribuição: A2 Filmes
Colômbia/ Israel/ Polônia - 2022 - 96 min. - Comédia/Drama
Nota: 9

Continue lendo...
Nenhum comentário
Compartilhe:

Ghost lançou um jogo recheado de fanservice para divulgar o lançamento do seu novo EP, ‘Phantomime’, sério.

"Mausoléu" onde o jogador procura dicas para avançar no jogo.

Ghost, também conhecida como minha banda favorita, lançou no dia 19 de maio seu novo EP, ‘Phantomime’. Com cinco faixas, Ghost traz versatilidade com covers que vão de Iron Maiden à Tina Turner. Mas, eu não entrei pro Clubinho para falar de música, e sim de games, por isso, hoje eu vou falar de Escape the Ministry, o jogo lançado pela banda para celebrar o lançamento de ‘Phantomime’.

Escape the Ministry é um jogo de puzzle e point-and-click jogável pelo próprio navegador. De acordo com a sinopse, o prédio onde a “igreja” do Ghost funciona (a lore dessa banda é gigante, sério) está passando por reformas, mas alguém deixou a janela do quarto do Papa Emeritus IV aberta (o alter-ego atual do vocalista Tobias Forge), você entra no prédio por essa janela e precisa descobrir os segredos do Clérigo antes que lhe encontrem.

Quando eu li a sinopse eu fiquei até um pouco assustada, e quando abri o game e vi que meu personagem estava segurando uma câmera eu pensei: “pronto, vai ser que nem Outlast, misericórdia”. Mas não era nada disso (ainda bem, eu sou medrosa).


Essa sala que parece uma cena de Poltergeist foi macabra

Você começa o jogo no quarto do Papa IV, ao som de ‘Jesus He Knows Me’, cover do Genesis e faixa-título do EP. Durante todo o jogo você se depara com notas escritas em folhas soltas com curiosidades e dicas que te ajudam a passar para a próxima sala. Do lado de fora, há uma área com grandes bustos dos antigos frontmen do Ghost: Nihil, Primo, Secondo e Terzo. Cada um com uma uma dica que leva você para outras quatro salas, cada uma decorada em alusão à uma das músicas de ‘Phantomime’, que também toca.

O jogo é basicamente isso, você entra em salas (bugadas, rs), lê notas em papel solto e curte as referências e novas músicas. Após explorar cada sala e descobrir a senha para fugir do prédio, você chega na “sala secreta”, toda decorada para uma festa e cheia de referências à banda.


Com direito a bolinho 3D e tudo

E são as referências que fizeram eu gostar tanto desse joguinho. Escape from The Ministry é um prato cheio de alusões, piadas internas e elementos da história do Ghost que vão arrancar risadas e alguns fios de cabelo dos fãs. Tem TVs com os clipes da banda, quadros dos antigos papas com um X marcado em cima (nota-se a ausência de um quadro do Papa Emeritus Terzo, o que só fortalece a teoria do seu retorno aos palcos), além do triciclo, dos suquinhos e vários outros detalhes que aparecem na série de vídeos que o Ghost publica no Youtube, chamado “chapters”. No fim de tudo, você ainda pode “assinar” um cartão parabenizando o Papa Emeritus IV pelo lançamento do EP novo.

é óbvio que eu joguei na minha live, hehe


E é com um joguinho de navegador simples à primeira vista que o Ghost presenteia os fãs, pra mim essa foi uma jogada de marketing genial e só me deixa mais animada para saber o que Tobias Forge anda planejando para os próximos passos da banda. Ah, e em setembro eles fazem show em São Paulo, até lá tudo pode acontecer com essa banda sueca mascarada que vem dominando a internet (sabe mary on a cross? é deles).


Ghost em sua formação atual

Continue lendo...
Nenhum comentário
Compartilhe: