(Imagem: Divulgação)
Eu sempre tive interesse em conhecer o cinema de outros locais, não me abstendo apenas ao cinema norte-americano e ao nacional. É de conhecimento geral o tanto que o cinema europeu fundamentou vários artifícios que, em seguida, seria aplicado no cinema hollywoodiano. O cinema de terror não fugiu dessa linha, tendo o giallo, gênero italiano de literatura e posteriormente cinematográfico, como base do que viria a ser o slasher que conhecemos e teve sua popularização na década de 1980.
Dario Argento é um dos maiores nomes do cinema italiano, e é dele o filme Suspiria (1977), que teve um remake feito recentemente pelo Luca Guadagnino – que está disponível no Prime Vídeo e eu super recomendo. O cineasta de grande renome pegou bastante a influência do gênio do cinema do suspense, Alfred Hitchcock, e em suas obras as cores são extremamente marcantes. E se tratando de cores, hoje iremos falar sobre uma obra que precede o sucesso de Suspiria, Profondo Rosso (o vermelho profundo), obra de 1975 que pra mim é uma das melhores do diretor.
Prelúdio para Matar, como chegou ao Brasil, traz uma premissa bem simples: um assassinato ocorre e a testemunha desse crime se une a uma repórter, e juntos buscam resolver esse crime. Enquanto a investigação se desenrola, outras mortes acontecem e aparentemente o assassino está no encalço da dupla. Um enredo bem sutil, nada fora do padrão que já tínhamos visto até ali. Entretanto, a condução de como tudo é desenvolvido é o que nos atrai ali.
David Hemmings, que vinha da obra Blow-Up: Depois Daquele Beijo, obra de 1966 dirigida pelo grande Michelangelo Antonioni, e tinha sido um tremendo sucesso, traz para o Marcus Daly, um maneirismo da época e sua união com a grande colaboradora do Argento, Daria Nicolodi, foi algo que fluiu muito bem.
No inicio da história somos apresentados a uma vidente que, durante uma sessão pública, tem uma visão de um assassinato e aponta para a pessoa que seria o algoz de caso. Esse seria o grande start de toda a história, a vidente é morta e o Marcus Daly está ali por perto e testemunha esse assassinato.
O nosso protagonista fica encucado com esse crime e decide investigar por si só. À medida que a investigação vai se desenrolado, em parceria com a repórter Gianna Brezzi, algumas mortes vão ocorrendo. Essas mortes claramente ligadas tanto às investigações, quanto com o Daly.
É incrível todo o desenvolvimento do filme, onde as cores são extremamente marcantes, o vermelho é algo que é utilizado com gosto no filme. O boneco que aparece aqui, com sua aparência assustadora, daria medo até no nosso Chucky. Boneco esse que provoca uma das melhores mortes do filme.
(Imagem: Divulgação)
Ao longo do filme, somos apresentados a vários flashbacks que nos ajudam a chegar a quem possa ter realizado tamanho ato de violência. E, enquanto alguns personagens se tornam alvos de nossas suspeitas, outros são excluídos por não estar mais no ato de respirar.
Outro fator do filme que deixa ele incrivelmente instigante é a trilha sonora feita sob medida pela banda Goblin, parceria de sucesso do diretor que iria chegar ao seu ápice no filme Suspiria. Eu simplesmente sou apaixonado pelas trilhas sonoras da banda. Quem tiver interesse de conhecer, tem no YouTube e vale muito a pena.
Ao chegar no seu apogeu, somos apresentados ao sujeito que causou todas as mortes. Temos um flashback apresentando o motivo, onde teores psicológicos são tratados aqui como a razão. Mas somos enganados de primeira, pois o assassino estava sempre lá e não era este que julgamos ser em primeiro caso.
Somos levados a primeira cena de assassinato onde lá, um rosto em meios aos quadros entregava desde sempre quem era o culpado. Utilizando de macetes hitchcockianos, onde a arma do crime sempre esteve ali ou o assassino sempre esteve em nossas vistas, Argento utiliza de forma inteligente do “Quem Matou?” e entrega um filme coeso e inspirador. Em seu desfecho, o assassino tem seu final de forma sangrenta, para não esquecer que estamos em filme onde as mortes e o sangue é um chamariz.
O filme em alguns momentos peca por enrolar demais, e tem uma barriguinha, mas nada que atrapalhe o filme de ser um filme incrível. O diretor já vinha de sucessos, como a trilogia dos animais e se firmou aqui com sua estética, sendo um dos mais referenciados dentro do seu meio. Tanto que, James Wan, utilizou várias de suas técnicas e estética no seu último filme, Maligno, que já foi apresentado aqui no primeiro Aterrorizadan. Quentin Tarantino é outro que tem como grande influência em seu modo de fazer cinema.
O filme está disponível no Oldflix, plataforma que abriga filmes das antigas e você pode encontrar se procurar direitinho no Youtube.
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