
(Oi, gente! Eu sou a Bea, vocês já me conhecem, e essa é a minha coluna "Desculpe o Transtorno",. Aqui eu vou apresentar a vocês alguns dos meus devaneios e surtos enquanto assisto/ouço/leio as coisas. Espero que vocês gostem tanto quanto eu! Nosso encontro marcado é toda terça-feira!)
Apesar de amar filmes de princesa desde sempre, um dos meus filmes preferidos na infância era Desventuras em Série (2004). Não era pela presença de atores como Jim Carrey e Meryl Streep, porque eu nem entendia disso ainda. Também não era um enredo alegre, para garantir que fosse essa a razão. Então, sem motivo aparente, eu só amava acompanhar os irmãos Baudelaire em sua saga pelo final feliz.
Mas, eles não têm um final feliz.
E nem triste.
Eles simplesmente vão seguindo, dentre os altos e baixos da vida.
A sensação ao assistir o episódio final da série Cenas de Um Casamento (2021), remake do clássico de Ingmar Bergman (1973), foi exatamente essa. A minissérie inteira me causou um turbilhão de emoções que passearam entre o amor e o ódio e a angústia e o alívio. Tratando sobre os dilemas de um casamento, o enredo fala muito mais sobre relações em geral do que apenas as particularidades daquelas duas pessoas em questão – e que pessoas, né?! Scenes from a Marriage, o título original, tem como protagonistas os atores Oscar Isaac, da trilogia mais recente de Star Wars, e Jessica Chastain, de Interestelar e Histórias Cruzadas, que também assinam a produção executiva.
Antes de falar sobre o grande nada do último episódio, preciso afirmar que todas as cinco partes são muito boas, bem construídas e desenvolvidas. Tanto o Jonathan, interpretado pelo Isaac, quanto a Mira da Chastain são personagens complexos e com nuances que transitam entre o certo e o errado. Erguidos sob a premissa de serem lados distintos de uma mesma moeda, os dois lutam tanto para serem perfeitos que se submetem ao caos e, por fim, encontram na imperfeição a paz.
Relações são complexas e isso não quer dizer que sejam complicadas ou sofridas, mas é necessário um olhar atento para manter o equilíbrio entre a vida a dois e suas individualidades. Quando a balança pesa para um lado só, o outro acaba se anulando e sua existência se baseia em satisfazer o ego do par – ou testemunhar a sua vida. Fez sentido? Juro que ao assistir Scenes fica fácil de entender o que eu tô dizendo.
Mira é uma mulher bem-sucedida profissionalmente, mãe e infeliz em seu casamento. Jonathan é um professor de filosofia, pai e meio frustrado com o fato de não ser o chefe da família, em relação a prover dinheiro em casa e para a casa. Para não humilhar ou frustrar o marido, Mira esconde-se pelas paredes e móveis da casa sob suas roupas em tons terrosos e sob a pele da esposa perfeita e compreensiva, que não fala sobre suas conquistas e tem receio de ser quem é verdadeiramente.
Ao sair da casca, ao meu ver da maneira errada, ela mostra o poder que há por baixo das madeixas alaranjadas e tanto ela, quanto Jonathan, precisam aprender a lidar com os desafios do divórcio, as consequências de uma traição e a criação da filha.
Mas, afinal de contas, o amor acaba? Mesmo vivendo uma vida infeliz, o casal ainda se ama e ao longo dos anos vai tentando fazer o errado dar certo. Separação, casos extraconjugais e enfim o entendimento da vida que levavam, de quem são e da vida que merecem levar.
O grande nada
Ao entender que é melhor sozinha, Mira também destaca que Jonathan não consegue encarar a solidão, pois tem a necessidade de ver sua vida sendo testemunhada. A ânsia em ser notado pra ele pode ser confundida com amor e...será que nunca foi amado? Foi. Não posso dizer que do jeito errado, porque qual o certo em se amar, né? Mas, assim como Jessica Chastain passa a dor pelo olhar, a gente sente o amor da personagem pelo seu ex-marido no acolhimento, nas palavras de carinho e nas verdades ditas de forma crua e direta também.
E assim os dois, no meio da noite, em uma casa escura, em algum lugar do mundo, num abraço entre o que foram, o que eram e o que viriam a ser, deixaram bem claro pra mim que um final não-feliz não é essencialmente triste. Assim como Desventuras em Série já mostrava a pequena Bea que entre a tempestade e o arco-íris existe um tempo de calmaria que pode ser contemplado também.
Mas, eles não têm um final feliz.
E nem triste.
Eles simplesmente vão seguindo, dentre os altos e baixos da vida.
A sensação ao assistir o episódio final da série Cenas de Um Casamento (2021), remake do clássico de Ingmar Bergman (1973), foi exatamente essa. A minissérie inteira me causou um turbilhão de emoções que passearam entre o amor e o ódio e a angústia e o alívio. Tratando sobre os dilemas de um casamento, o enredo fala muito mais sobre relações em geral do que apenas as particularidades daquelas duas pessoas em questão – e que pessoas, né?! Scenes from a Marriage, o título original, tem como protagonistas os atores Oscar Isaac, da trilogia mais recente de Star Wars, e Jessica Chastain, de Interestelar e Histórias Cruzadas, que também assinam a produção executiva.
Antes de falar sobre o grande nada do último episódio, preciso afirmar que todas as cinco partes são muito boas, bem construídas e desenvolvidas. Tanto o Jonathan, interpretado pelo Isaac, quanto a Mira da Chastain são personagens complexos e com nuances que transitam entre o certo e o errado. Erguidos sob a premissa de serem lados distintos de uma mesma moeda, os dois lutam tanto para serem perfeitos que se submetem ao caos e, por fim, encontram na imperfeição a paz.
Relações são complexas e isso não quer dizer que sejam complicadas ou sofridas, mas é necessário um olhar atento para manter o equilíbrio entre a vida a dois e suas individualidades. Quando a balança pesa para um lado só, o outro acaba se anulando e sua existência se baseia em satisfazer o ego do par – ou testemunhar a sua vida. Fez sentido? Juro que ao assistir Scenes fica fácil de entender o que eu tô dizendo.
Mira é uma mulher bem-sucedida profissionalmente, mãe e infeliz em seu casamento. Jonathan é um professor de filosofia, pai e meio frustrado com o fato de não ser o chefe da família, em relação a prover dinheiro em casa e para a casa. Para não humilhar ou frustrar o marido, Mira esconde-se pelas paredes e móveis da casa sob suas roupas em tons terrosos e sob a pele da esposa perfeita e compreensiva, que não fala sobre suas conquistas e tem receio de ser quem é verdadeiramente.
Ao sair da casca, ao meu ver da maneira errada, ela mostra o poder que há por baixo das madeixas alaranjadas e tanto ela, quanto Jonathan, precisam aprender a lidar com os desafios do divórcio, as consequências de uma traição e a criação da filha.
Mas, afinal de contas, o amor acaba? Mesmo vivendo uma vida infeliz, o casal ainda se ama e ao longo dos anos vai tentando fazer o errado dar certo. Separação, casos extraconjugais e enfim o entendimento da vida que levavam, de quem são e da vida que merecem levar.
O grande nada
Ao entender que é melhor sozinha, Mira também destaca que Jonathan não consegue encarar a solidão, pois tem a necessidade de ver sua vida sendo testemunhada. A ânsia em ser notado pra ele pode ser confundida com amor e...será que nunca foi amado? Foi. Não posso dizer que do jeito errado, porque qual o certo em se amar, né? Mas, assim como Jessica Chastain passa a dor pelo olhar, a gente sente o amor da personagem pelo seu ex-marido no acolhimento, nas palavras de carinho e nas verdades ditas de forma crua e direta também.
E assim os dois, no meio da noite, em uma casa escura, em algum lugar do mundo, num abraço entre o que foram, o que eram e o que viriam a ser, deixaram bem claro pra mim que um final não-feliz não é essencialmente triste. Assim como Desventuras em Série já mostrava a pequena Bea que entre a tempestade e o arco-íris existe um tempo de calmaria que pode ser contemplado também.
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