No 25º filme da franquia, 007: Sem Tempo para Morrer continua aproveitando as boas fórmulas dos antecessores, mas sem deixar de aplicar uma perspectiva única, apresentando um olhar íntimo ao agente secreto mais conhecido dos cinemas. Uma escolha acertada, que busca homenagear o Daniel Craig em sua última atuação como James Bond.
Logo após os acontecimentos do filme anterior da saga, quase em uma sequência direta, Bond desfruta de uma vida pacata junto da companheira, Madeleine (Léa Seydoux), longe do serviço de Sua Majestade. Porém, isso logo muda quando ele percebe que ainda existem assuntos inacabados de missões passadas. Inclusive, é recomendável que se assista ao 007 Contra Spectre, antes deste novo longa.
A direção é de Cary Fukunaga, conhecido pela participação na aclamada primeira temporada de True Detective. Aqui, o diretor entrega um ótimo trabalho quando consegue brincar com os vários sentidos dos espectadores, apostando na imersão. Em cenas de explosões próximas ao 007, o áudio fica abafado e o barulho forte de zunido aparece. Assim, igualmente aos personagens, precisamos de um tempo para nos recuperarmos. Além disso, Fukunaga demonstra todo o talento quando coloca a câmera próxima ao James Bond, subindo uma escadaria, enquanto enfrenta vários inimigos em um plano-sequência de tirar o fôlego.
O filme não está alheio aos acontecimentos da nossa sociedade. Se em Spectre a discussão foi a utilização de drones como equipamentos militares, aqui, o tema central fala sobre o uso das armas biológicas em guerras de escala global. Vimos isso nas duas Guerras Mundiais e também na recente Guerra na Síria, mostrando que a aplicação desse tipo de arma é recorrente. O perigo aumenta ainda mais quando a tecnologia é utilizada para amplificar o alcance e facilitar o manuseio, o que é evidenciado pelo roteiro.
Apesar das grandiosas e bem montadas cenas de ação, com ótimas perseguições com carros e as explosões de sempre, o diferencial de 007: Sem Tempo para Morrer está nas atuações em sequências dramáticas. O passado da Madeleine é abordado na história, trazendo uma nova carga emocional juntamente com a inclusão do novo vilão, Lyutsifer Safin (Rami Malek), que infelizmente não chama tanta atenção. Porém, o principal destaque é o constante desenvolvimento de personagem do James Bond.
(Foto: Divulgação/Danjaq e MGM)
Durante os cinco filmes do Daniel Craig como 007, o acompanhamos perdendo amigos e amantes. Acumulando luto, pesar e tristeza. É um Bond cansado, que desde 007: Operação Skyfall, de 2012, sofria para passar nos testes físicos e psicológicos, buscando companhia no álcool. O tempo continua a passar, e quase 10 anos depois, o agente fatigado tem que ir para mais uma missão. Só que, desta vez, com um objetivo em mente. O serviço à coroa se torna secundário quando algo mais íntimo o instiga a continuar lutando.
A sensação de fechamento desta saga é evidenciada com diversas representações de início e fim. Os velhos amigos continuam lá, mas novos companheiros são introduzidos. Os amores antigos permanecem na lembrança de Bond, mas é no presente que o sentimento é renovado. 007: Sem Tempo para Morrer é uma merecida despedida para o ator que, particularmente, considero o melhor James Bond.
Nota: 10/10
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