RESENHA: Cowboy Bebop (1ª Temporada)


(Foto: Divulgação/Netflix)

O histórico de adaptações hollywoodianas em live-action para obras baseadas em mangás ou animes não é dos melhores. A maioria delas foram filmes, como por exemplo: A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017), Dragonball Evolution (2009) e Death Note (2017). Esses dois últimos são absurdamente ruins. Algo similar ocorre com os videogames, que ainda buscam encontrar a melhor maneira de agradar ao público dos jogos em uma nova mídia. Ao que parece, a nova aposta dos produtores é em séries. Nelas, eles têm um maior tempo de tela para trabalhar o conteúdo original, não ficando presos ao limite de duas horas.

Mais uma vez, a Netflix foi pioneira, trazendo uma série de um clássico dos animes, Cowboy Bebop. Na história, caçadores de recompensas são chamados de cowboys e acompanhamos as aventuras de três deles, Jet Black (Mustafa Shakir), Spike Spiegel (John Cho) e Faye Valentine (Daniella Pineda), a bordo da nave Bebop. Enquanto tentam construir uma confiança mútua, o passado deles se entrelaçam, gerando novas suspeitas e perigos.

Confesso que estava bastante empolgado, afinal, o material original é ótimo e as imagens promocionais e teasers me deixaram muito animado. A equipe de criação tentou ser segura, utilizando o diretor do anime, Shinichiro Watanabe como consultor e tivemos até mesmo o retorno da aclamada Yoko Kanno como compositora. Várias músicas marcantes, como a de abertura e encerramento, aparecem no live-action.

Inicialmente, a tentativa do roteiro é de não estranhar quem já conhece previamente a obra. Quase tudo tenta emular o anime, começando pela trama episódica, dando aquele ar de “o caso da semana”, bastante utilizado em séries como CSI e Dr. House. A diferença é que, na animação, são 26 episódios com média de 24 minutos. É difícil o espectador se cansar. Na adaptação da Netflix, a duração é maior, dando mais margem para dispersão. Também falta carinho com o público novato, com as características daquele universo sendo colocadas em tela sem uma apresentação melhor trabalhada. Isso pode afastar o interesse no início.

A estética é o que essa adaptação tem de melhor. Elegante no ponto certo e com a fotografia com muitas luzes neon, dando um ar noturno e misterioso para as cenas. As locações, como o bar da Ana (Tamara Tunie) e o interior da Bebop também são um acerto por parecerem verossímeis. Porém, os diretores em alguns momentos caem na mesmice e cometem um erro recorrente de Hollywood, usando paletas amareladas para retratar um planeta inspirado no atual México, dando a impressão de ser um local inóspito.

Embora o John Cho se esforce, o Spike dele não tem o mesmo carisma e a presença vista no anime, parecendo uma atuação artificial. Em contrapartida, gostei do Jet e da Faye da série, que souberam implementar características próprias aos personagens. A dinâmica do trio funciona. A relação dos três juntos vai melhorando a cada episódio, quando vamos conhecendo mais a fundo a história pessoal de cada um e as motivações deles. Infelizmente, parte dessa boa construção é desperdiçada e o roteiro leva a trama para algo que não precisava. O último episódio é apressado e, de longe, o pior da temporada, deixando um gosto amargo, logo no final.

Não vejo necessidade para uma segunda temporada, mas a Netflix se assegurou de deixar essa possibilidade em aberto. Ficou a sensação de que podíamos ter tido mais. Ainda não é a adaptação perfeita pela qual os fãs tanto esperam, mas tendo um olhar otimista, podemos notar uma evolução. Acharam a fórmula, agora precisam acertar nos detalhes.

Nota: 7/10

Onde assistir? Netflix
Micael Menezes
Micael Menezes

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