
(Foto: Divulgação/Hulu)
A soma de um bom roteiro com boas atuações – e uma boa direção – é algo que sempre me empolga. Afinal, nunca é o bastante somente uma boa história mal executada ou nem mesmo uma história ruim com uma execução razoável, ainda que a gente passe pano para algumas desse tipo. O fato é que o resultado de um enredo de qualidade com atores que sabem o que estão fazendo, e o fazem com segurança, transformou Only Murders in The Building em uma das melhores séries que vi esse ano – aos quarenta e cinco do segundo tempo.
Imagine um podcast de true crime como o elo central de três vizinhos completamente diferentes e improváveis de terem algo em comum. É basicamente essa a premissa do enredo de OMITB. Mabel Mora (Selena Gomez), Charles Savage (Steve Martin) e Oliver Putnam (Martin Short) são os protagonistas dessa história contada em dez episódios que tem um suposto assassinato como o ponto responsável por desenrolar todo o contexto.
Uma das melhores coisas da série é que o mistério consegue se sustentar muito bem até pouco antes da revelação. De forma ingênua, somos conduzidos sob o mesmo olhar e as mesmas descobertas que nossos protagonistas. As coisas são reveladas aos poucos e, à medida que eles recebem o impacto das viradas de roteiro, nós também. Não tem como ficar um passo à frente da história, a menos por um detalhe ou outro que, no geral, passam despercebidos.
Mas, além do mistério bem construído e mesmo se tratando de um crime, a narrativa consegue encontrar sua leveza, com boas doses de humor conduzidas, principalmente, pela dupla de Martins. Outro detalhe é que o drama também faz parte do enredo, de forma também muito equilibrada, carregado pela Selena na maior parte do tempo. Uma coisa que faz com que a história seja interessante é que todos os personagens são desenvolvidos a partir de suas próprias camadas. O que sabemos no primeiro episódio, sobre os protagonistas, é extremamente superficial se comparado a tudo o que conhecemos no decorrer da série.
OMITB também traz personagens com os quais conseguimos nos identificar, acho esse sempre um ponto importante nas produções. O que gera apego ao telespectador é poder se encontrar naquela história de alguma maneira, e isso pode ser desde o fato de curtir ouvir podcasts de crimes reais, ou de ter um grupo de amigos que se afastou por algum motivo, ou por uma família mais complicada, pela solidão ou mesmo por um condomínio meio problemático – com uma síndica chata, tipo o Jambalaya.
A produção original Hulu é uma das poucas do gênero de mistério (mesmo que seja comédia), que já assisti, que consegue se manter coerente e resolver suas questões sem precisar se apressar, sem dar finais rasos pela mera necessidade de encerrar ou qualquer coisa do tipo. No começo, à primeira vista, onde tudo parecia estar se caminhando para um lado muito óbvio (mesmo eu gostando e até compreendendo), o desenrolar me incomodou um pouco. Contudo, o plot twist foi muito interessante e ganha pontos pelo improvável. O maior acerto de Only Murders é caminhar sempre em direção ao sarcástico, à sátira e ao humor mais ácido. É por isso que, mesmo o que poderia ser falha, acaba sendo parte integrante de um todo que vale a pena.
Em relação à técnica, a escolha de planos ajuda a intensificar o suspense e, em vários momentos, nos direciona para os erros ou acertos da investigação sob a mesma ótica dos personagens. Quanto à fotografia e a trilha sonora, mais pontos positivos. Mesmo com um fundo mais frio de imagens, os figurinos coloridos e os pontos de cor nas cenas se sobressaem de maneira sensacional. E, reforçando, os figurinos são incríveis – cada um é estiloso do seu jeito, todos mesclando cores com um visual mais clássico e sofisticado.
Como no fim das contas o que vale mais pra mim é a experiência, Only Murders se consagra como uma das produções que mais valeu a pena esse ano. Me prendeu até o fim, me divertiu e também me deixou tensa à medida que o mistério tomava seu curso. Mesmo as coisas que acredito que podiam ter sido diferentes soaram menos problemáticas pelo conjunto do entretenimento.
A produção estreou no dia 31 de agosto deste ano e a segunda temporada deve ser lançada ainda em 2022, afinal, as gravações já começaram assim que a primeira temporada se encerrou – inclusive, com plot para essa segunda parte da história. No elenco, além dos protagonistas, temos Tina Fey, Aaron Dominguez, Amy Ryan, James Caverly, Nathan Lane, entre outros.
Nota: 9/10
Onde assistir? Star Plus
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