(Imagem: Divulgação/Amazon)
Todos os estúdios seguem em busca de um Game of Thrones para chamar de seu, tentando gerar engajamento com os fãs e, obviamente, dinheiro para a empresa. A fórmula parece ser simples, uma ambientação medieval com boas doses de fantasia ou um material fonte rico, recheado de ficção científica. A Netflix vem tentando, assim como a Apple+, e muitos pensavam que a aposta da Prime Video seria só em 2022, com a série de O Senhor dos Anéis. Porém, A Roda do Tempo chega como uma grata surpresa, mostrando o que há de melhor nesse gênero e instigando os espectadores sobre o futuro.
Na trama, somos introduzidos à premissa de que a cada alguns milhares de anos, uma força maligna ressurge, o Tenebroso, e outra aparece para combatê-lo, o Dragão. Esse embate poderá salvar o mundo ou destruí-lo, dependendo das ações desses dois seres. Caso seja destruído, o mundo se reerguerá, seguindo o girar da Roda do Tempo. Acompanhamos a busca pelo Dragão junto da maga, Moiraine Sedai (Rosamund Pike), e chegamos a Dois Rios, um vilarejo que tem alguns jovens candidatos à profecia, restando saber qual dentre eles é o escolhido.
O universo da série é rico. Para quem não conhece os livros, é necessário algum tempo para nos ambientarmos. São linhas temporais diferentes, línguas criadas para a obra, diversos países, pessoas e locações. Entretanto, nada disso é apresentado de forma que sobrecarregue a audiência. Começamos do escopo micro e, gradativamente, vamos conhecendo o macro. Somos novatos ali, assim como alguns dos personagens principais. As dúvidas deles, são as nossas, e isso é uma ótima maneira encontrada pelo roteiro para irmos aprendendo juntos. Um bom artificio utilizado para prender o público foi o de alongar o mistério de quem é o Dragão. Nos livros, essa informação aparece logo de cara, mas aqui o mistério é preservado, criando expectativas e nos fazendo prestar mais atenção às nuances de cada personagem. Funcionou muito bem.
A fotografia da série é linda. Às vezes, até demais, porque no início das jornadas, as roupas de algumas pessoas milagrosamente não sujam. Mas isso é apenas um capricho bobo que não influencia em nada a história. É notável que a Amazon não poupou esforços para providenciar um orçamento, no mínimo, razoável. São várias paisagens belíssimas e os planos abertos durante os episódios fazem questão de nos mostrar isso. Muitas das locações que conhecemos no decorrer da trama estão na natureza, demonstrando verossimilhança. Além disso, os efeitos visuais estão no ponto certo. A forma como os poderes e a magia aparecem na tela são limpos e fluidos. As criaturas monstruosas também cumprem o papel de amedrontar, embora, por conta dos custos e para esconder certas falhas, algumas batalhas acontecem à noite, mas nada que prejudique o entendimento e até mesmo nisso o roteiro se preocupou em dar uma justificativa do porquê elas se passam naquele momento.
A história fictícia de A Roda do Tempo bebe muito do que conhecemos em nosso próprio mundo. O embate entre o bem e o mal, é retratado fazendo alusões bíblicas, como por exemplo a tentação de Cristo. E, embora se passe em uma ambientação medieval, estamos no futuro, levando à reflexão de que nem sempre a humanidade evolui com o decorrer dos anos.
É uma primeira temporada que entrega o proposto. Apesar de grande parte do elenco principal ser desconhecido, eles demonstram uma química verdadeira e, por conta da boa atuação, acreditamos na amizade deles. Por enquanto, não temos um protagonista. O grupo que é. A Rosamund Pike lidera esses jovens e, para variar, destaca-se ao mostrar que nem de longe está no piloto automático. A obra tem 14 livros. Ainda resta muito conteúdo. E, com um bom final, as possibilidades se expandem e deixa um gostinho de quero mais. Mal posso esperar pela continuação.
Nota: 10/10
Onde assistir? Amazon Prime Video
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