RESENHA: Titans (4ª temporada)


(Foto: Netflix/Reprodução)

Gostar ou não da história dos Titãs retratada na série de mesmo nome, distribuída no Brasil pela Netflix, é uma questão de perspectiva. Eu, particularmente, adoro o enredo da produção lançada em 2018 e com essa terceira temporada não foi diferente, apesar das minhas ressalvas.

Antes das considerações sobre o enredo da temporada recém-lançada, deixa eu explicar que a série é, atualmente, entregue pela Netflix aqui no Brasil por conta do acordo inicial com a DC, Warner e afins. As duas primeiras temporadas da série são originais da Netflix, mas a partir desta terceira a produção ficou por conta da HBO Max. Apesar disso, os episódios seguiram no streaming vermelhinho e ainda não há previsão de quando ou se irão para o roxinho.

Vamos ao que interessa… Titãs, em inglês Titans, acompanha os jovens já conhecidos do Universo da DC: Robin (Brenton Thwaites), Ravena (Teagan Croft), Mutano (Ryan Potter), Estelar (Anna Diop), Columba (Minka Kelly), Rapina (Alan Ritchson), Moça Maravilha (Conor Leslie), Aqualad (Drew Van Acker), Jason Todd (Curran Walters), entre outros.

Além destes, ainda há, é claro, menções e aparições do Batman/Bruce Wayne (Iain Glen) e alguns vilões, como Trigon (Seamus Dever) e o Espantalho (Vincent Kartheiser), no caso desta terceira temporada. A série tem uma pegada mais sombria e obscura, que relembra as primeiras produções da DC com essas características bem marcantes. Apesar disso, ela não perde a mão em usar do humor como alívio em algumas cenas.

Nessa temporada em específico, ainda temos no elenco Savannah Welch como Bárbara/Comissária Gordon, Damaris Lewis como Estrela Negra ou Blackfire, Joshua Orpin como Superboy e Jay Lycurgo como Tim Drake.

Logo no início dos novos episódios encontramos um Jason Todd ainda lidando com as consequências de sua problemática atuação enquanto Robin, depois que Dick Grayson (Thwaites) abandona o manto e se transforma no Asa Noturna. Temos uma Estelar/Kori Anders com visões estranhas que a levam a sua irmã, Blackfire, que sabemos que chegou à Terra ainda no final da temporada anterior. Mutano/Gar e Superboy/Conner seguem atuando junto aos Titãs e, o primeiro especificamente, tendo que lidar também com a saudade da Ravena/Rachel, que está em Temiscira com a Wondergirl/Donna Troy, que morreu eletrocutada no final da segunda temporada.

Ainda sobre as apresentações iniciais e os problemas que a temporada anterior engatilhou, temos Columba/Dawn e Rapina/Hank separados, cada qual lidando como pode com sua situação.

Tudo isso bem pontuado, entramos de fato na história da temporada.

Jason Todd morre depois de decidir enfrentar sozinho o Coringa (sob efeito de psicotrópicos) e, aparentemente, retorna à vida de um jeito estranho – nasce aqui o Capuz Vermelho (em inglês, Red Hood). A partir disso, Dick, através da comissária Gordon, entra em contato com o Espantalho para tentar entender a mente criminosa na qual Todd se tornou. O primeiro plot twist é, portanto, descobrir que Jason Todd está agindo sob o comando, digamos assim, do próprio Espantalho.

Fica aqui a minha primeira consideração: Jason Todd é insuportável. Ele é mimado, chato e extremamente egoísta. Mas, bom, isso eu já sabia desde as temporadas anteriores.


(Foto: Netflix/Reprodução)

Ao longo dos treze episódios, acredito que os sete primeiros são focados apenas nesse arco da Mansão Wayne, com Bruce, Dick, Gar, Conner e Todd, daí a delegacia com a comissária e sua ajudante, Vee, e o Espantalho. Arrastado, mas não ruim, pelo menos. Ah, temos também Dawn e Hank lavando a roupa suja do casamento deles e a Estelar com a Blackfire lidando com os problemas entre irmãs. Ainda nesse gancho do Todd enquanto Red Hood, acontece a primeira morte da temporada: Hank explode, literalmente. Depois disso, Dawn faz a Ciro Gomes e vai para Paris, saindo assim de cena.

Antes da narrativa Red Hood e Espantalho x Titans, nesse ponto, ficar cansativa, finalmente somos levados à Temiscira para saber o que tá acontecendo com Rachel e Donna Troy. Lá, as Amazonas seguem executando um suposto ritual de ressuscitação, enquanto Ravena é treinada para ser justa e paciente como a Rafa Kalimann. Em uma tentativa de trazer Donna de volta, Rachel interrompe o ritual e as coisas ficam…complicadas.

Enquanto isso, em Gotham City, conhecemos Tim Drake, um jovem levemente obcecado pelos Titans, que os conhece melhor até do que eles mesmos. No desejo de ser o próximo Robin, o rapaz se arrisca a encontrar Red Hood e Espantalho e acaba morrendo com um tiro nas costas. É quando, então, vamos ao além-vida, vislumbrando o encontro de Tim com Donna e, mais na frente, Hank. Os três vão atrás da ponte mítica que pode os levar de volta à vida.


(Foto: Netflix/Reprodução)

Achei Hank muito injustiçado nessa temporada, mas entendo que o arco do personagem já merecia o seu devido fim. Injustiçado porque, mesmo sendo responsável por salvar Troy e Drake, por dar a ideia da ponte e levá-los até lá, esse se sacrifica para que eles possam voltar. De forma fofa, ele reencontra o seu primeiro parceiro “Columba”, seu irmão Don, e se mantém no além-vida. "Diga a Dawn que eu a amo", ai ai choramos.

A Donna é uma das minhas personagens preferidas. Ela é forte, corajosa, sabe se impor, a atriz entrega uma atuação sensacional, uma personagem cheia de camadas e ainda é de uma empatia gigante. Ver ela conseguindo retornar foi um dos pontos altos da temporada e, deixam implícito que isso foi por mérito próprio, sem deixar claro as influências dos rituais das Amazonas ou da interferência da Rachel.

O Espantalho é um vilão meio sem graça. Ele tem uma mente psicótica, mas ao contrário dos outros, ele não suja as mãos. Ele tenta fazer jogos mentais com as vítimas, usa e abusa de um humor nada engraçado ou sarcástico e acaba sendo chato. No papel de antagonista, o Jason Todd consegue se sobressair muito mais do que o Dr. Jonathan Crane.

Das narrativas secundárias, a de Estelar e Blackfire é, de longe, a mais interessante. As irmãs precisam resolver problemas do passado e verdades profundas vêm à tona, como a origem dos poderes de Kori, a real motivação da Blackfire para assassinar seus pais e outros conflitos que ambas possuem.

Ainda como pano de fundo da história principal temos também os conflitos e, dessa vez, o romance de Bárbara Gordon, a antiga Batgirl, e Dick Grayson. Mas, quando parece que o casal vai se firmar, ele decide ir para São Francisco e ela não abre mão de ser a comissária Gordon em Gotham. Sem endgame para você de novo, Grayson.

Falando em romance, outro a ser desenvolvido pela terceira temporada é o do Superboy com a Blackfire. Confesso que é extremamente aleatório, eles não possuem uma química das melhores e parece uma história rasa – que leva a atitudes de motivação egoísta e desnecessária. Apesar disso, são fofos em cena, mas só.

O desfecho é interessante. Com Gotham sob o risco de explodir em uma toxina letal desenvolvida por Crane, os Titans precisam se unir para agir mais rápido e de maneira mais esperta do que o vilão, evitando que a cidade inteira morra. Antes de chegar ao final de fato, vale mencionar que no meio do enredo o Dick Grayson também morre, mas assim como o Jason Todd, ele ressuscita. Diferentemente de Donna e Tim Drake, os antigos Robins retornam através do chamado Poço de Lázaro.

O Poço de Lázaro é fundamental para a salvação de Gotham. Depois da primeira bomba explodir, há entre 500 e dois mil mortos na cidade e os Titans desejam trazê-los de volta. Rachel, Estelar e Blackfire criam uma espécie de tempestade com a água do poço que faz com que todas as vítimas letais de Gotham possam reviver. Uma resolução meio rápida, mas bem pensada dentro do contexto desenvolvido pela série – e claro, uma ótima referência, já que a chuva é na cor roxa… Sim, Purple Rain.

Falando em referências, além do Universo inteiro da DC que tanto amamos (como os personagens, trajes e afins), a série traz uma trilha sonora impecável com músicas como Livin’ on a Prayer, do Bon Jovi, Back to Black, da Amy Winehouse, Psycho, de Muse, What a Wonderful World, na versão de Joey Ramone, e Just Like Heaven, do The Cure, por exemplo. Outras menções são aos figurinos, que são sempre incríveis, com as doses certas de cor e sombras, e, é claro, a fotografia. Eu amo o tom sombrio de Titans.

Outra consideração: eu não gosto do Bruce Wayne de Titans. Acho ele apático, sem graça e sem o charme que outros Batmans possuem. Não precisa de carisma e simpatia, mas também não precisa ser uma porta.


(Foto: Netflix/Reprodução)

No final da temporada, Dick está voltando a sede dos Titans em São Francisco junto com Kori, Gar, Rachel, Conner e Tim, que se junta a eles nesse final. Donna recebe uma proposta de trabalhar com a ARGUS e, enquanto considera isso, decide visitar Dawn em Paris: "Tenho um recado do Hank para dar a ela". Já Blackfire está à postos para voltar à Tamaran, seu planeta, e assumir o trono. Barbara Gordon fica em Gotham, assim como Jason e Bruce (que some no meio da temporada, tenta suicídio e retorna quando tudo já foi resolvido...Sério, Batman?). 

A boa notícia é que a quarta temporada já foi confirmada e deve sair no final do próximo ano. A má notícia é que talvez alguns nomes conhecidos não retornem, como Hank, Dawn e a própria Donna (espero que volte, mas...). Seguimos no aguardo então!

Ps: lá no começo eu mencionei o Aqualad/Garth apenas por motivos de saudade, mas o loirinho morre na segunda temporada e não há nenhum indício de retorno. Queria, mas fico na saudade. Ele e Donna = meu casal = motivo do meu colapso.


Nota: 9/10

Onde assistir? Netflix


Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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