Desculpe o transtorno, mas até que ponto o egoísmo é imperdoável?


(Foto: Reprodução/Netflix)

Esse texto contém spoilers do final da série Rebelde, da Netflix.

Depois de uma semana muito cansativa, louca e corrida de mudança, finalmente estou na casa nova e encontrei um tempinho para maratonar Rebelde, a nova série mexicana da Netflix. Com uma temporada de oito episódios, a produção agrada tanto aos nostálgicos da geração RBD quanto quem chegou agora – além dos fãs da versão brasileira da novelinha mais famosa do mundo. Toda a história vale a pena ser assistida, é um ótimo passatempo que prende sua atenção, além de muitas músicas e referências, e, é claro, personagens com estilos únicos. Mas, o enredo não é o meu foco hoje.

Em relação à Rebelde, a personagem MJ (Andrea Chaparro) mente para seus pais cristãos conservadores sobre a EWS, Elite Way School. A escola mexicana com o melhor programa formador de astros musicais é passada por MJ para os pais como uma escola musical religiosa. Quando a casa cai, a jovem pede para que eles a assistam cantando ao menos uma vez para tomarem a decisão de tirá-la de vez ou permitir que ela siga seu sonho.

De forma resumida, a escola possui uma batalha musical de bandas e, em meio a sabotagens e rearranjos, a banda na qual MJ faz parte corre o risco de não se apresentar na final. E, a fim de garantir que vai conseguir mostrar ao pai e a mãe seu talento e, com isso, permanecer na EWS, a MJ abre mão da banda com os amigos para se apresentar com o Sebas (Alejandro Puente), um dos antagonistas da história.

Isoladamente, a cena parece a maior das traições, principalmente porque ela magoa não somente do ponto de vista da amizade, mas acaba partindo o coração de alguém que gosta muito dela. Contudo, particularmente falando, eu não consegui não entender o seu lado. Claro que, dentro da situação, é muito mais difícil enxergar com empatia, ainda mais sendo você a pessoa magoada. Porém, sendo uma mera telespectadora, eu gasto sim o meu pano para a MJ.

Imagina sonhar tanto com uma coisa e, mesmo que com razões bem justas e necessárias, ver esse sonho se esvair das suas mãos porque uma coisa não depende só de você. Daí, você tem a chance de tomar as rédeas da situação, de um jeito que não vai agradar as pessoas que você ama, mas que vai te dar a chance de alcançar o que você tanto deseja – e, por mais que as pessoas se chateiem, você não fez nada de errado ou ilegal, por exemplo.

Não sei se deu para entender, mas eu fiquei pensando sobre essa questão de que: até quando o egoísmo é ou não perdoável? Porque, no caso da MJ, eu enxergo como super aceitável e perdoável. Se cada um, com suas razões, fizeram coisas até piores, porque o “erro” dela será mais julgado? Só torço para que na segunda temporada ela não vire a casaca na história, que essa cena do último capítulo tenha sido a única "se aliando" ao vilão.

Acho que todo mundo, em algum momento, fez algo que magoou outras pessoas, mas naquele momento era o melhor para você. Eu mesma já fiz, e por mais dolorido que tenha sido, não só não me arrependo, como faria de novo. Se priorizar não é errado e, enquanto você estiver fazendo pelas razões certas, e sem ferir ninguém propositalmente, tá tudo bem. Cada caso é um caso, e, no fundo, todo mundo conhece bem onde está confortável e onde o seu calo aperta. Basta ter, como dizia Forfun, leveza, discernimento e perseverança – escutem Descendo o Rio.

"Sei o que vão fazer. Não tenho outra opção. Me desculpem" (MJ, 2022).

Confira abaixo a canção final de MJ e Sebas:

Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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