Desculpe o transtorno, mas você está disposto a tentar?


(Foto: Reprodução/HBO Max)

Início de ano é sempre muito introspectivo para mim e, considerando o fato de que logo que o ano começou eu não consegui processar muito bem as coisas porque estava na correria da mudança, a baixa de energia social e os momentos #reflexivah estão chegando por aqui agora – some isso à falta da terapia e, bom, temos a Desculpe o Transtorno heheh.

Resolvi assistir Comer, Rezar, Amar na última sexta-feira, quando me dei conta de que nunca tinha visto o filme antes. Protagonizado pela Julia Roberts, temos a atriz dando vida a Liz, uma escritora, recém-divorciada, com relacionamentos falidos e uma certa falta de perspectiva de vida. Para mudar as cartas desse jogo, ela decide passar um ano viajando em três destinos específicos: Itália, Índia e Indonésia, mais precisamente a ilha de Bali.

A escolha de Bali, inclusive, acontece por conta de uma visita anterior em que recebeu uma profecia de que: teria dois casamentos, um curto e um longo; perderia todo seu dinheiro, mas conseguiria recuperar; e de que retornaria para Bali em algum momento no meio disso tudo para “encontrar Deus” e ajudar o guru com o inglês.

Essa trajetória da Liz em relações que não vão à lugar nenhum, onde ela claramente está infeliz, é incômoda, porque a todo momento você espera por ver a ficha dela caindo, o que custa a acontecer. Até que, ao cair em si, ela decide viajar em busca de si mesma – e de novas paixões.

“A ruína é uma dádiva. A ruína é o caminho que leva a transformação”.

Uma das principais premissas da história é a questão do amor próprio, mas não de uma forma bonita demais e cheia de floreios. O enredo do filme gira em torno do entender a si mesmo e, a partir disso, saber reconhecer o que você merece e onde você não deve gastar um centavo de energia. E, acima disso, o roteiro dialoga muito com duas questões: a Liz não se permite ser amada e nem acredita ser possível amar – já que ela esquecia de si mesma quando amava alguém.

Daí, bateu viu?! Bateu forte.

Na Itália, ela encontra paixão nas comidas, nos amigos que faz e nas experiências que vive. Na India, ela aprende a silenciar, se reencontra com o Universo e também dispõe do amor no servir. E, por fim, em Bali ela se permite se apaixonar de novo – SPOILER: por um brasileiro. No fim das contas, meio que me identifiquei com a Liz. Há amor em tantas coisas por aí, incluindo no romance. A gente às vezes foge disso sem nem saber porquê. 

Eu tenho duas sensações muito fortes na minha vida: a de que minha energia “pro amor” é pra ser gastada com as pessoas queridas e coisas favoritas, mas sem cota pro amor romântico; e a segunda de que já gastei tudo que tinha nessa vida pro amor romântico em relações que já passaram. Meio confuso, mas “é sobre isto”.

Relacionamento nunca fez parte dos meus objetivos, mas algumas coisas começaram a me fazer questionar até que ponto eu realmente nunca quis/não quero ou condicionei minha cabeça à isso por achar que não mereço ou que a chance já passou. Não cheguei a uma conclusão ainda, vamos de tratar na terapia, mas o que ficou do filme para mim é que, na maioria das vezes, a gente deixa passar boas histórias e boas experiências pelo medo de errar, de falhar e de se mostrar vulnerável. Pelo medo de ter que tentar, ao mesmo para que, se não der em lugar nenhum, você tenha a consciência tranquila de que fez a sua parte.

“A única maneira de se curar é confiar. Um coração partido significa que você tentou alguma coisa.

A Liz usou os três verbos (comer, rezar e amar) para se reencontrar e no meio desse caminho encontrou outras coisas que nem estava procurando, mas se permitiu abraçar. Então, mesmo sem Itália, India e Indonésia, hoje eu me comprometo em, pelo menos, tentar. Em estar mais disponível para as coisas que se apresentam, afinal, o acaso é cheio de surpresas, né… Vai que uma dessas valha à pena.

O filme Comer, Rezar, Amar tá disponível no HBO Max. Pega essa dica! :)

Musiquinha pra inspirar por aí:

 
Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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