Aterrorizadan: Até quando o cinema vai se sustentar na reutilização de obras?

(Imagem: Clube do Café da Manhã)

Um dos maiores lemas de Hollywood é que “nada se cria, tudo se copia”. Não é de hoje isso, já que desde do início do cinema a reutilização da mesma história para “reinventar”, “revitalizar” ou “rebootar”, é utilizado como forma de uma nova visão seja reiniciando ou continuando as histórias em questão. O que de fato é, a falta de criatividade dos estúdios em ousar e trazer uma história nova, vem sendo algo bem discutido dos últimos. 

Poucas obras trazem aquele diferencial, sendo novas versões de algo que já estão consolidadas ou cópias baratas. De clássicos como Psicose a pequenas obras como Black Christmas, todas já tiveram remakes, bons ou ruins. A motivação sempre vai além de uma visão própria, como foi o caso de Suspiria, que teve a nova edição sendo renegada pela a sua maioria, mas é um resultado bastante satisfatório, mantendo o esqueleto do trabalho de Dario Argento, sem esquecer que é um filme novo e entregando o direcionamento totalmente limpo, do Luca Guadagnino.

A infame consequência de uma falta de criatividade é bem maior quando o segmento se direciona para o terror/slasher. São diversos os filmes que ganham inúmeras sequências totalmente desnecessárias que não acrescenta absolutamente em nada na construção de uma mitologia. Desde Halloween as inúmeras sequências de Sexta-Feira 13, onde ele já enfrentou outro ícone do slasher, Freddy Krueger (outro que possui várias sequências em sua saga, “A Hora do Pesadelo”) e foi até ao espaço.

A mais recente aventura nessa questão se deu ao novo capitulo de O Massacre da Serra Elétrica, subintitulado “O Retorno de Leatherface”, trazido pelo gigante dos streaming, Netflix. Já dei minha resenha aqui sobre o que eu achei da obra, e como ela buscou beber na fonte da bem sucedida reinvenção de Halloween, que trouxe de volta a icónica personagem Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), uma falha a cada passo que tornou ainda mais esquecível o que já era ruim.

Levando em consideração o tanto que já foi entulhado em todos esses anos de filmes ruins, é complicado catalogar em números o que se salvaram dentro de várias franquias que nascem e crescem ao redor do globo, em obras que se tornam relevantes até se tornarem obsoletas diante de seu próprio grupo de fãs. Não digo que isso só ocorra dentro de cosmo midiático banhando de sangue, em outras áreas os erros de remakes/reboots/continuações desnecessárias também ganha sua cota. Ainda assim, a consideração dentro da rede de comunicação que se sobrepõe como consumidora, ainda mantém os holofotes ligados.

Hoje, a tardia noção de que o terror vai além do sangue, os pressiona ao aceitar que a conjunção de cinema + arte pode sim, contemplar obras do âmbito do medo. De películas de produtoras como A24 até farofas da Blumhouse, pegando carona em pequenas obras da Shutter, somos banhados de várias atuações criadas por roteiristas e diretores excelentes, que voam na imaginação ao embarcar uma ilíada cinematográfica para cativar a visão pública, já desgastada com tanta escassez.

Não é de se espantar, atualmente, o grande crescimento de endeusamento de obras quando se trata de filmes da A24, taxados como os maiores produtores de filmes de qualidade, onde o terror psicológico é o grande ato central de suas obras. Totalmente relevante, mas não é o único tipo que deve aclamação, pois o slasher tem suas fontes ainda cheias de vida, por mais que passe pela seca em algumas épocas. Discussão essa que é bem pertinente dentro do último filme da franquia Pânico, mas isso fica pra outra discussão. 




Adan Cavalcante
Adan Cavalcante

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