Resenha: Belfast

(Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

Belfast é a capital da Irlanda do Norte e da província do Ulster, sendo a segunda maior ilha da Irlanda, de acordo com a Wikipedia. Belfast também é onde o ator e diretor Kenneth Branagh nasceu e dá nome ao filme indicado a sete Oscars, incluindo de melhor filme.

O filme se passa na década de 1960 e narra a história de um garoto chamado Buddy (Jude Hill), que vem de uma família de classe trabalhadora em meio ao The Troubles, em Belfast. O Troubles foi um conflito na Irlanda do Norte que consistia entre a luta dos protestantes e católicos. Esses embates duraram cerca de 30 anos e ocasionaram a perda de várias vidas.

Em meio a tanta tragédia, Kenneth Branagh traz um trabalho semi-biográfico com tamanha leveza, por mais que o cenário não seja um dos mais brandos, que remete até Jojo Rabitt e o cenário nazista em que ele foi inserido. O filme traz discussões históricas e consolida de forma dura e consistente um período obscuro dentro do cinema.



(Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

O elenco que forma os laços do pequeno Buddy é extremamente talentoso, tendo Jamie Dornan como o Pai e Caitriona Balfe brilhando como a Mãe, Judi Dench e Ciarán Hinds como a avó e o avô, e Colin Morgan como o Billy Clanton, o antagonista dessa história.

Sendo filmado 99% em preto e branco, o filme se transforma em uma poesia única, se colocando em lugares novos e alimentando sentimentos. Em meio a guerra, a história de uma criança não para e não se perde em meio ao indecoroso cenário de dor. Ele se apaixona, tem medo de perder seus familiares, quer brincar na rua e se rebelar contra os pais.

Belfast também presta homenagem à sétima arte, pois um dos programas em família é ir ao cinema e lá vemos um tributo ao filme O Calhambeque Mágico, longa de 1968 de Ken Hughes, e ali vemos que diante de tudo, o que resta é a família e a união deles. Vale ressaltar também que toda essa leveza em meio a um tema tão pesado vem do musical feito pelo Von Morrison, musicista natural de Belfast que transpôs toda suas raízes para esse longa e faz você se sentir dentro de toda a poesia criada pelo Branagh.

Um dos filmes mais pessoais do Kenneth Branagh me surpreendeu de modo positivo, pois me venho cauteloso devido a achar sua direção em certos momentos maçantes, mas aqui ele atingiu seu ápice e posso dizer que é sua obra mais consistente. Ao trabalhar personagens falhos, longe de perfeições e sim, perto da naturalidade humana, ele consegue embarcar em possíveis heróis modernos. Heróis estes que podem ser seu pai, sua mãe ou seu avô e sua avó.

Ao apontar para um direcionamento lúdico pela visão infantil, o diretor conseguiu traduzir tudo de forma ampla onde qualquer um pode se identificar com aquela história e garantir um dos melhores filmes da temporada do Oscar. O filme arrecadou 12 indicações ao Oscar, como já dito melhor filme, em conjunto com melhor direção, melhor roteiro original e melhor atriz coadjuvante para Judi Dench, que como sempre dá um show de atuação.

O filme tem previsão de estreia nos cinemas no dia 10 de março e garanto a vocês que quem for assistir não vai se arrepender, é um filmaço.

Nota: 9/10

Confira o trailer abaixo:

Adan Cavalcante
Adan Cavalcante

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