(Imagem: Divulgação/20th Century Studios)
Shakespeare é um dos caras mais adaptados nas telinhas, telonas, teatros e tudo o que você possa imaginar. São vários os textos que você encontra que tem referência ao dramaturgo e poeta inglês, e esse é o caso de West Side Story ou, como chegou ao Brasil, Amor, Sublime Amor.
Em 1961, Robert Wise trouxe às telonas o que seria até aquele momento a versão definitiva do texto que já tinha sido adaptado para os palcos de forma magistral. Escrita pelo autor Arthur Laurents, a peça já foi levada aos palcos diversas vezes desde seu lançamento e agora retornou aos cinemas pela direção do nada mais, nada menos grande Steven Spielberg.
Com o objetivo de trazer uma obra mais próxima do que foi levada a Broadway, Spielberg trabalhou minuciosamente nessa adaptação, fazendo o possível para ser o mais fiel. Trazendo um foco maior no desenvolvimento feminino, aqui é possível enxergar o quanto as intérpretes alcançaram altos níveis de atuação, brilhando cada uma à sua maneira.
Outra mudança que o diretor trouxe foi a verdadeira representação. Natalie Wood, estrela do filme original, era descendente de russos e passava longe de ser latina. E a problemática se estendia em uma carreira bem maior, onde não só os protagonistas eram brancos, como os atores chegavam a se maquiar para conseguir a cor necessária da representação porto-riquenha. No revival, Spieberg buscou durante um ano atores que realmente tivessem a representação necessária e encontrou grandes talentos.
(Imagem: Divulgação/20th Century Studios)
A história de Amor Sublime Amor, como falei no início do texto, é baseada em um texto shakespeariano, mais precisamente Romeu e Julieta. Todo o romance de Tony (Ansel Elgort) e Maria (Rachel Zegler) é inspirado em um dos romances mais famosos de todo o mundo. A rixa entre os Jets, a gangue de brancos, e os Sharks, formada por integrantes porto-riquenhos, movimenta a trama de forma que culmina em tragédia para todos os lados.
Ao se olharem em um baile, o casal principal se apaixona perdidamente e, contrariando o desejo de seu irmão, Maria se entrega a esse amor fadado ao fracasso. Sua amiga e cunhada, Anita (Ariana DeBose), tenta ao máximo controlar as emoções à flor da pele que surgem entre os conflitos familiares, mas o esquentado irmão da protagonista, Bernardo (David Alvarez), acaba indo ao encontro de um destino doloroso.
Em meio a lutas e danças, são performadas canções que são pano de fundo para essa história, um dos pontos altos do filme. Amor, Sublime Amor é um daqueles musicais incríveis de se ver e ouvir. É como se você estivesse na Broadway, de tão teatral que é. Destaco aqui as performances de músicas como o clássico Tonight, que tanto na versão de 1961 quanto a atual, são belíssimas, Cool, que nessa versão virou um dueto entre Tony e Riff (Mike Faist), a minha preferida A Boy Like That, um dueto entre Maria e Anita após um incidente que muda toda a trama do filme e, claro, o maior espetáculo que é America e todo o show que a Ariana DeBose entregou aqui. Ela mostrou para o que veio e foi para ser uma estrela.
Devo ressaltar nesse parágrafo, Anita é um dos maiores personagens desse filme e digo mais, da história do cinema. Em 1961, ela deu o prêmio do Oscar a Rita Moreno, fazendo-a assim, a primeira latina a levar o carequinha dourado para casa. Esse ano, temos a Ariana DeBose fazendo o rapa nas premiações e com uma indicação ao prêmio, que só não leva se for roubada. A atriz deu um show da sua primeira aparição a última, carregando, inclusive, uma das cenas mais dramáticas do filme, com toda a competência. Sendo uma atriz latina e negra, ela traz mais força para um personagem tão bem construído e aqui, teve a luz para brilhar que era necessária.
(Imagem: Divulgação/20th Century Studios)
Em seus 156 minutos, quase três horas de filme, Steven Spielberg teve tempo para, além de fazer atores brilharem, mostrar o porque ele é um dos maiores da indústria. Trazendo essa nova roupagem, ele corrigiu os estereótipos das comunidades porto-riquenhas, trouxe um elenco verdadeiramente latino, e trouxe a maior de todas, Rita Moreno, para um dos papéis chaves do filme. A personagem Valentina, que serve como o Doc (Ned Glass) da primeira versão, é a chefe do Tony e tem em seu estabelecimento um território neutro entre os Shaks e os Jets, onde ocorre uma das cenas mais tensas e um dos discursos mais necessários do filme.
A representatividade na tela é também mostrada no personagem Anybodys (Iris Menas), que na primeira versão era uma menina com feições masculinas e aqui, é um personagem assumidamente transgênero, que luta para ter seu lugar no mundo. Sofrendo pela LGBTfobia, ela luta a todo momento a fim de ser quem ela é, nunca abaixando a cabeça.
O filme teve seu lançamento em 10 de dezembro de 2021 e infelizmente, não lucrou tanto assim nos cinemas, sendo considerado um fracasso. Independente disso, o filme está disponível na Disney+ e eu super recomendo essa obra-prima. Indicado a sete Oscars, incluindo o de Melhor Filme, é quase certo que leve na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, onde temos a maravilhosa Ariana DeBose indicada. Sua atuação é um destaque a parte e merece todas as glórias que vêm recebendo, tal qual a sua antecessora no papel. Foi uma boa passada de coroa.
Nota: 9/10
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