Resenha literária: Um Beijo Inesquecível (série Os Bridgertons – livro 7)

(Foto: Divulgação/Netflix)

Ela é astuta, sagaz, extremamente inteligente e não poupa palavras e nem opiniões. É, definitivamente, uma versão aprimorada da personalidade da Eloise. Por conta da soma de tudo isso, ela está em sua quarta temporada e ainda não conseguiu se impressionar com nenhum dos pretendentes. Apesar disso, Hyacinth Bridgerton, a caçula da família de oito irmãos, não parece estar preocupada em encontrar um casamento com tanta pressa quanto sua mãe deseja.

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Sou muito suspeita para falar desse livro, traduzido no Brasil como “Um Beijo Inesquecível”, porque a Hyacinth é minha personagem preferida dos oito irmãos – ela conseguiu desbancar o Benedict, pois é. Às vezes eu acho que o que me faz gostar tanto dela é a identificação em muitos aspectos, mas, no fim das contas, ela se sobressai muito pela ousadia e determinação. Além disso, o livro dela traz elementos de mistério e você embarca com a protagonista num jogo de investigação.

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Em relação à Hyacinth, ela é a única dos irmãos que nunca conheceu o pai, porque sua mãe ainda estava grávida quando Edmund morreu. Por causa disso, Violet se apegou à cria para não afundar em uma tristeza profunda e Hyacinth cresceu sob a proteção carinhosa da mãe, que resultou naquilo que podemos chamar de personalidade indomável. Depois de três anos frequentando os mesmos eventos e vendo as mesmas pessoas, Londres parece ser um poço de tédio para a nossa “mocinha” entusiasmada.

Do outro lado, dividindo o protagonismo com a gata, temos Gareth St. Clair, o herdeiro de um baronato inglês e neto de uma personagem querida nossa, a Lady Danbury. Depois de algum tempo sem aparecer nos eventos londrinos, Gareth é quase que intimado por sua avó para comparecer ao recital Smythe-Smiths. O barão, seu pai, não o suporta e sempre fez questão de mostrar quão indesejado ele era. E, apesar de tentar transparecer ser apenas o libertino e irresponsável que o pai aponta que ele é, Gareth na verdade é espirituoso, gentil, educado e tão sagaz quanto nossa heroína.

E é exatamente essa a receita do romance deles dois. Gareth consegue fazer o que ninguém jamais conseguiu até então: deixar Hyacinth sem palavras. Ele a instiga, faz com que ela tenha que pensar além do que está acostumada para ter respostas à altura e é isso que vai cativando seu coração. Ela se apaixona sem nem se dar conta, enquanto ele vai se envolvendo tendo a certeza de que nenhuma outra mulher em Londres ou em qualquer lugar do mundo é como Hyacinth Bridgerton.


(Foto: Divulgação/Netflix)

Por trás de toda a capa de destemida e mulher forte, Hyacinth absorveu todos os comentários que ouviu por anos, de como ela era difícil e de como ninguém seria capaz de conquistá-la um dia, e possui um imenso medo de jamais ser amada, de não ser aceita como ela é. Ao mesmo tempo que ela tem a convicção de que não deveria ter que mudar seu jeito de ser para que alguém se apaixone.

Aqui, mais uma vez temos dramas familiares e temos também a figura da Violet como ponto de suma importância na orientação e aconselhamento dos filhos. A maior parte do drama fica por conta dos St. Clair, visto que a relação dele com o pai é péssima. No meio do livro, descobrimos que na verdade, Gareth é um bastardo. Ou melhor, ele só não é filho do barão – mas, de alguma forma que vou tentar não dar spoilers, ele ainda é o herdeiro do baronato.

É justamente essa relação amargurada com o pai que vai trazer o ponto de desencontro do nosso casal protagonista antes que eles fiquem juntos de fato. E, mais uma vez, a escrita da Julia Quinn passa para o leitor os medos, as inseguranças e as angústias dos personagens.

Quanto ao que eu estava dizendo da Violet, ela tem conversas profundas e muito sinceras com a Hyacinth, que por ser a mais nova acabou passando mais tempo com ela em casa depois que os irmãos casaram e o Gregory foi estudar. Além disso, a relação delas sempre teve uma ligação maior, justamente pelo fato que mencionei anteriormente, de que a matriarca dos Bridgerton precisou se apegar às bochechas rosadas da caçula para lidar com o luto de perder seu grande amor.

No meio do desenvolvimento do casal, ainda surge um mistério envolvendo um diário escrito em italiano e um suposto conjunto de diamantes que está escondido na mansão St. Clair – e o Gareth quer encontrar sem que seu pai descubra a existência. Como Hyacinth sabe um pouco de italiano, ela se propõe a ajudar o jovem e os dois embarcam nessa aventura que acaba sendo responsável, também, por aproximar o casal.

Ai, sério, esse livro é tudo! É o meu preferido, sem dúvidas, mesmo ainda defendendo que o segundo, O Visconde que Me Amava ainda é o melhor por motivos de Kate Sheffield. Eu amo a Hyacinth e amo o Gareth, julgo muito uma decisão duvidosa que ele tem no meio do romance, mas que faz parte da decisão de humanizar esses personagens que é uma proposta muito forte da Julia Quinn. Nada é só preto no branco ou branco no preto. Todo mundo tem suas partes cinzentas e o importante, passado nessa história aqui, é encontrar alguém que aceite isso, que abrace você apesar disso e também por conta disso.

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A caçulinha dos Bridgertons merece o mundo!

Ps: os dois epílogos deles são sensacionais, porque falam sobre os filhos que eles têm. A Isabella Bridgerton St. Clair, filha do casal, consegue ser ~pior~ do que a mãe, a Hyacinth.

Ps2: o mistério dos diamantes se estende aos epílogos também. É incrível. Inclusive, eu admiro muito a decisão da Julia de não encerrar a história com a resolução dessa questão, bem naquela pegada de que não dá para ter tudo nessa vida, ou pelo menos não quando você quer.

Nota: 10/10

Onde comprar? Um Beijo Inesquecível aqui
Editora: Arqueiro
Ano: 2016
Páginas: 272
Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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