REQUENTADOS: Não é Mais Um Besteirol Americano (2002)

(Foto: Reprodução/HBO Max)

“It's not a sundae, it's a banana split.”

Nem todo mundo é bom em fazer piada sobre si mesmo, né? Imagine Hollywood então. Contudo, em “Não é Mais Um Besteirol Americano”, a indústria realmente acerta no tom do humor. O filme é dirigido por Joel Gallen e tem a proposta de satirizar todos os clichês dos filmes adolescentes estadunidenses, como a menina que é considerada “feia” e só usa óculos e um rabo de cavalo; o jogador de futebol americano que é popular; o melhor amigo da menina desastrada que é apaixonado por ela; a líder de torcida que anda com duas amigas à tiracolo, etc e tal.

O filme lançado no Brasil em 2002 trouxe no elenco nomes como Chris Evans, Chyler Leigh, Mia Kirshner, Jaime Pressly, Lacey Chabert, Josh RadnorCody McMains, Eric Jungmann, entre outros. Dentre as referências possíveis de identificar temos: Ela é Demais (1999), Cruel Intentions (1999), American Pie (1999), Gatinhas e Gatões (1984), Clube dos Cinco (1985), Garota de Rosa-Shocking (1986), As Apimentadas (2000), 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999), Nunca Fui Beijada (1999) e contando.

A história começa com Jake Wyler, interpretado pelo Chris Evans (Capitão América), topando uma aposta com os amigos para transformar a garota mais “estabanada” do colégio em popular e, consequentemente, na rainha do baile. Usando óculos, com o cabelo preso em um rabo de cavalo e vestindo um macacão sujo de tinta, essa garota é Janey Briggs (Chyler Leigh, Grey's Anatomy). O enredo se desenrola cheio de cenas que a gente conhece de outros filmes, incluindo até momentos grotescos – como a tentativa de incesto de Catherine (Kirshner) com o Jake.

As referências estão por todo lugar, como cenas fazendo alusão ao poema de 10 Coisas que Odeio em Você e a clássica dança do Heath Ledger no campo de futebol. Temos as vilãs, com pinta de Regina George, e os demais enredos acontecendo na órbita da história do nosso casal principal. E nesse miolo, o irmão da Janey protagoniza uma cena-paródia de Clube dos Cinco na mesma biblioteca e com participação especial do Paul Gleason.

Acho que a coisa mais engraçada do filme não são as cenas em si, mas o roteiro que traz nas falas a explicação daquele clichê que a gente já está familiarizado. As falas são, além de explicativas, uma crítica ao formato tão utilizado e reutilizado por Hollywood. Quando, por exemplo, está rolando uma festa daquelas que os xovens dos filmes realizam quando os pais viajam e tem dois personagens negros no ambiente. Um chega no outro e pergunta o que ele está fazendo ali, porque ele é o único cara negro daquela festa – e o outro vai embora.

Bem como na cena em que a protagonista vai descobrir que tudo não passou de uma aposta, daí um outro personagem diz que sussurrou no ouvido dela algo do tipo “estou fingindo que estou te contando um segredo e na verdade ele vai acabar contando o segredo por achar que eu revelei”. MUITO BOM, CARAS!

Tem outra cena nesse estilo, no final do filme, com o clássico do aeroporto em que o mocinho precisa alcançar a mocinha antes dela embarcar. Nessa cena em questão, inclusive, temos a participação da Molly Ringwald, estrela de Clube dos Cinco e Garota de Rosa-Shocking, mais uma vez jogando luz sobre os clichês que essas histórias trazem e também fazendo referência ao seu próprio filme.

É um filme que diverte, sem dúvidas. Me peguei dando boas gargalhadas em vários momentos, justamente por identificar esses clichês que ao mesmo tempo já estão saturados, ainda fazem parte das nossas memórias. Além de, é claro, rir por concordar com a zoeira ali demonstrada.

Vale a pena assistir de forma despreocupada e despretensiosa, só buscando realmente aproveitar a diversão e o senso de humor. Se alguém estiver buscando por grandes problematizações e críticas sociais, não vai encontrar, mas a pouca bola que o filme levanta já rende um belo de um saque, de verdade. E, no fim das contas, ele se propõe a rir de si mesmo e não ser mais um besteirol americano, mesmo sendo mais um besteirol americano.

Ps: apesar das críticas, ele acaba perpetuando uma série de esteriótipos racistas, gordofóbicos e machistas. E mesmo entendendo que, certas coisas, fazem parte da proposta do roteiro – outras são mais reflexos da época do que qualquer outra coisa. Hoje em dia não passam mais (e ainda bem!).

Nota: 7,5/10

Onde assistir? HBO Max
Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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