WeCrashed: entre mortos e feridos, salvaram-se (quase) todos


(Foto: Divulgação/AppleTV+)

Que eu sou fã da Anne Hathaway, isso não é segredo para ninguém, certo? Logo, me proponho a assistir qualquer coisa que ela esteja presente, ainda que sob o risco de ser uma produção meio duvidosa – acreditem, já encarei algumas bombas para prestigiar essa mulher. Dado o histórico recente de trabalhos da atriz (Locked Down, A Última Coisa que Ele Queria e o próprio Convenção das Bruxas), eu não estava com as melhores expectativas para a minissérie WeCrashed, da AppleTV+ e o lado bom nisso é que eu fui surpreendida.

WeCrashed é uma minissérie de oito episódios sobre a ascensão e queda da WeWork, uma startup de escritórios compartilhados fundada por Adam Neumann (Jared Leto) e Miguel McKelvey (Kyle Marvin). O papel de Anne Hathaway é Rebekah Neumann, a esposa de Adam e que funciona também como braço direito dele nas decisões da WeWork – ouso dizer que ele só chegou onde chegou por conta dela, pelo bom e pelo ruim também.

A série começa pelo fim, com a expulsão de Adam Neumann do cargo de CEO da WeWork, bem como com o adiamento da abertura de ações na bolsa, processo que transforma uma empresa privada em uma empresa pública. A partir dessa cena, voltamos no tempo para conhecer quem era Adam antes de tudo, incluindo a Rebekah.

Adam Neumann, natural de Tel Aviv, em Israel, sempre foi metido a empreendedor e empresário, mas nunca deu certo em nada que se propôs a fazer. Quando ele conhece Rebekah Paltrow (sim, ela é prima da Gwyneth) e depois de um encontro falido, os dois se apaixonam, é quando finalmente as coisas parecem dar certo para ele.

A primeira empresa, criada em parceria com o então arquiteto Miguel McKelvey, é a Greendesk, já dentro do ramo de escritórios sustentáveis e compartilhados. A ideia era construir um modelo de negócio mais atrativo, que fosse na contramão dos escritórios tradicionais e considerados “chatos”. O modelo dá certo dentro do proposto, mas parece pouco para Adam, que logo vende o empreendimento e parte para uma nova cidade e uma nova empresa.

É quando nasce a WeWork.

Eles são bizarros, sério. Primeiro que tem histórias absurdas sobre o quanto eles forçavam as pessoas a ficarem por horas a fio em festas, a exagerarem em bebidas e sexo para parecerem cool e com um forte “espírito de equipe”, enquanto ignoravam denúncias de abusos, assédios e outras coisas tão pesadas quanto. Segundo que Rebekah é doida, juro! E, por conta disso, ela tentava pregar seus próprios ideais dentro da empresa. Começou com o veganismo e terminou com uma escola metida a progressista que quando faliu deixou centenas de pais e crianças na mão. Ah, e no meio disso teve ela demitindo funcionários porque “a energia deles era ruim”.

Adam é irresponsável. Ele não foi corrupto, até onde entendi, mas sua má (e descontrolada) gestão transformou uma empresa lucrativa em um poço de dívidas. A ganância dele em querer se provar e ser “o primeiro trilionário” resultou em uma quase falência. Ele ganhava e gastava dinheiro de uma forma absurda, e por não entender nada de administração, se deixou levar pela boa vida – e a ambição. Enfim, essa é a parte da série que é conhecida por todo mundo – ao menos quem pesquisar sobre. É uma história pública. Então, vamos falar sobre a produção em si.

Anne Hathaway está sublime. Surreal. Impecável. Ela é a própria Rebekah Neumann. No jeito de falar, no tom de voz, nas manias e colocações, nos trejeitos, na postura, tudo. Ela incorporou muito bem a personagem e isso pode ser visto em vídeos que circulam nas redes comparando trechos da vida real com cenas da atriz. Inclusive, no final da série tem uma entrevista da Rebekah e do Adam onde é possível comparar com a Anne. É uma personagem com muitas camadas e com isso, às vezes ela tem sua empatia e às vezes ela consegue ser dona do seu ranço.

 

Ainda tratando-se da Rebekah, a minissérie brincou com o parentesco entre a “pobre menina rica” e a Gwyneth Paltrow. Sabe aquele meme do primo bem-sucedido nos almoços de família? É basicamente isso. A todo momento fazem alguém se aproximar da Rebekah somente por conta da prima, inclusive no próprio casamento dela. É um excelente elemento cômico.

Quanto ao Adam Neumann do Jared Leto… Ele não é ruim. Não mesmo. Acho que, no geral, o ator conseguiu imprimir bem a imagem do bilionário maluco, mas, sinceramente, ele forçou demais no sotaque! Mirou no Adam Neumann e acertou no Borat. Sim, isso mesmo que você leu, no Borat. Ficou feio e chato, mas dá para aguentar, porque o enredo consegue te envolver. Ah, boatos que Leto está usando uma prótese no nariz, mas não é a pior coisa da série – o sotaque vence.

Por fim, a série é boa. Ela consegue prender a sua atenção e acho que grande parte disso é pelo fato de ser uma história real. Sabemos onde isso deu, mas queremos ver o desenrolar das coisas. Vou dar também o devido crédito à Anne Hathaway, porque ela consegue dar o tom das partes mais dramáticas da produção e também tem uns surtos que rendem boas risadas, mostrando bem a versatilidade que tem enquanto atriz. E, bom, o próprio Jared Leto tem lá sua parcela de participação nos pontos positivos da série, porque, como eu disse, acho que ele soube entregar uma boa versão do seu próprio Adam Neumann.

É a melhor série do mundo? Não. Vale a pena assistir? Sim, confia!

Nota:
8.5/10

Onde assistir? AppleTV+

Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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