Conheça Izu, o quadrinista que ilustrou o Big Brother Brasil 22 em mangá


(Foto: Divulgação/Israel Guedes/@thunters_manga)

O Big Brother Brasil 22 acabou há cerca de uma semana e, mesmo diante do seu considerado “flop”, ainda é possível dizer que coisas boas ganharam visibilidade a partir dele. Desde nomes dentro da casa, como Linn da Quebrada, Paulo André, Douglas Silva, Jessilane e Natália, até profissionais aqui de fora. Um desses profissionais é Israel Guedes, o Izu, que é ilustrador, quadrinista e professor de mangá.

Izu ficou conhecido no Twitter depois que decidiu ilustrar o BBB 22 em mangá. A primeira postagem foi feita no dia 16 de fevereiro e a ilustração retrata a visão de Jade Picon depois que seu rival no programa, Arthur Aguiar, retornou do primeiro paredão – no qual tinha sido indicado por ela, que era líder. A publicação na rede rendeu mais de 12 mil retweets, mais de 98 curtidas e mais de dois mil comentários na postagem. A partir desse momento, o ilustrador decidiu que faria páginas de mangás de outros momentos do reality show e foi assim até a final.

Natural de Macapá, no Amapá, Israel trabalha com arte desde 2014, quando se mudou para São Paulo e passou a se dedicar aos estudos no Instituto HQ. “Além de escola de artes, eles também funcionam como editora e agência. Eles passam trabalhos para os alunos que se destacam. Depois de 3 meses de curso comecei a pegar meus primeiros trabalhos com quadrinhos”, contou Izu, em entrevista ao Clubinho.

A ideia de ilustrar o BBB 22 surgiu no dia do fatídico paredão que pareceu traçar o destino de Arthur Aguiar no reality. Segundo Izu, no momento em que viu a cena da Jade observando Paulo André, que era seu affair na casa, e Arthur se abraçando pensou como a expressão da influencer e o ângulo da câmera deixaram aquela cena da “vida real” com cara de cena de mangá, afinal, estava tudo posicionado de maneira que os sentimentos ou supostos sentimentos da situação ficassem em destaque.

“Muita gente tava comentando sobre o tal olhar, decidi surfar no hype e fazer uma arte pra ver se ganhava uns likes e seguidores pros meus perfis de arte. Como o mangá trabalha muito com grande expressividade e emoções fortes, achei que encaixava bem e seria uma arte rápida de fazer”, explicou o ilustrador.

A recepção positiva do público foi o incentivo para continuar e foi surpreendente, visto que o quadrinista não esperava toda a repercussão que a arte teve. “Mangá é algo que não costuma receber tanto holofote fora do nicho por aqui. Consegui dezenas de milhares de seguidores nas minhas redes sociais e muitas matérias saíram na grande mídia, inclusive na TV aberta. Tudo isso faz com que me sinta muito valorizado”, enfatizou Israel Guedes.

(Foto: Divulgação/Israel Guedes/@thunters_manga)

Talvez, parte da repercussão também se dê pela proximidade do material. O Big Brother, flopado ou não, faz parte da cultura brasileira e todos os anos soma bons números de audiência, sempre se consolidando junto à população. A ideia de uma roupagem diferente para algo comum ao público é inovadora e se provou um sucesso.

“Tenho que fazer de uma forma que o público brasileiro possa compreender bem o que acontece nas páginas e se identifique. Além disso, é interessante o fato de grande parte do Brasil acompanhar o programa. Tem toda uma comunidade do BBB que abraçou minhas artes com uma recepção bem acolhedora”, afirmou Izu.

Em relação aos desafios, Israel comenta que o principal é transformar momentos em páginas de mangá. “Preciso passar muita informação em pouco espaço, preciso estar atualizado constantemente com o que tá rolando no jogo, entender bem a emoção do momento para potencializar isso, fazer os personagens terem cara de mangá sem descaracterizá-los, desenhar o mais rápido possível para não perder o hype de uma cena boa que tenha acontecido, entre outras coisas”, lembrou ele.

O mangá se define bem em cima das emoções e da expressividade. Essa é sua principal característica, pois o objetivo é dar destaque a sensação do que está acontecendo em determinada cena. “Sentimentos fortes são algo que faz eu me sentir muito envolvido na trama que estiver acompanhando. A gente entender o que certo personagem está sentindo e sentir junto com ele nos conecta muito a eles”, observou Izu.

Com o trabalho, de maneira geral, as principais referências do ilustrador são nomes conhecidos pelo público que acompanha mangás e animes. Izu ressalta que essas inspirações vêm, principalmente, da revista japonesa Shonen Jump e aponta obras como One Piece, Bleach, Naruto, Dragon Ball, Shaman King, entre outros. “Tais obras focam em personagens se enfrentando para cada um conseguir seu objetivo, então são cheios de ação e muito drama, além de comédia [também]”, completou.

Como qualquer artista independente do Brasil, Izu também pontua algumas dificuldades enfrentadas. “Criar suas produções para o Brasil não costuma dar retorno financeiro e reconhecimento necessários para o autor. Quem quer viver disso precisa apostar lá fora e não é fácil. Muitas vezes, como no meu caso, o autor precisa conciliar trabalho com projetos autorais. Não é à toa que muitos desistem no caminho”, disse.

Por conta disso, é importante que a população invista em dar visibilidade para os artistas nacionais. “Tem muito artista incrível que não recebe os devidos holofotes. [Reconhecimento] é extremamente raro para artistas aqui no Brasil. Gosto de mostrar pra todo mundo do que sou capaz, já que as cenas que reproduzo tem uma variedade de sensações e informações a serem passadas, quero mostrar como posso fazer isso bem”, ressaltou Izu. De acordo com Israel, seu trabalho sempre busca trazer para o leitor/espectador alguma emoção forte. O foco é passar um exato sentimento existente para uma cena.

(Foto: Divulgação/Israel Guedes/@thunters_manga)  

Para o futuro, Izu gostaria de dar continuidade, ainda que esporadicamente, às ilustrações do cotidiano em mangá. “Durante a produção destas páginas fiz uma notícia da história de um rapaz emo que salvou uma moça de um assalto aqui no Brasil. Desenhei em forma de mangá também. O próprio rapaz de que a notícia se tratava compartilhou o desenho. A história ficou conhecida como "Anjo Emo". Achei divertido fazer este tipo de coisa, então volta e meia devo repetir com algum acontecimento interessante que apareça aqui no Brasil”, contou.

Por fim, o profissional lembra que ao publicar o trabalho de um artista, é de uma importância creditar mesmo quando estiver sinalizado na imagem. “Embora o mais recomendado seja não repostar e sim compartilhar o original, porque isso ajuda bem mais o artista”, finalizou.

O artista está nas redes sociais nos perfis do Twitter: @thunters_manga e Instagram: @thuntersmanga. Além disso, é possível entrar em contato através do e-mail thuntersmanga@gmail.com. No YouTube, o ilustrador tem um perfil chamado de Canal do Izu.

Confira abaixo a thread com todas as ilustrações de Izu sobre o BBB 22:


Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

Para saber mais sobre o/a autor/a, acesse a aba "Quem Somos".

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