
(Foto: Divulgação/Marvel Studios)
Cabe a mim discordar parcialmente do meu amigo Couto quando diz que a expectativa é a mãe da frustração, porque, geralmente, essa responsabilidade não é unilateral. Criar expectativas para uma produção, ainda mais uma do porte de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, era mais do que natural, principalmente ao considerar todo o contexto que foi desenvolvido e todas as alterações de datas, regravações e confirmações de elenco que foram acontecendo ao longo do caminho até a estreia nos cinemas. Você é induzido a esperar algo. É com isso que eles lucram.
Então, quando a Marvel me entrega algo diferente do que ela me conduziu a esperar, de certa forma, como não me frustrar? Em relação a Multiverso da Loucura, aceito ser responsável por 70% da minha decepção ao subir dos créditos no cinema, porque no fim das contas foi a minha experiência particular que não foi boa, culpa do meu hype, mas reconheço que o filme é bom sim, no final das contas. Com ressalvas, mas bom.
Contudo, cabe sim a Marvel Studios e Kevin Feige a responsabilidade por, pelo menos, esses 30% de frustração. A Marvel se tornou refém de si mesma e raras são as vezes que ela consegue fugir de sua receita com maestria, mas acontece, como vimos com Eternos, por exemplo. Só que Eternos foi um filme de origem, para inserir novos personagens e alguns conceitos, era sólido e era possível confiar no que poderia ser seu início, meio e fim de enredo. O tal do esquema de pirâmide da Marvel não se faz necessária aqui e esse, talvez, seja o grande ganho do filme.
Mas, e Multiverso da Loucura?
Como eu disse, a Marvel é refém de si mesma. Se ela apresenta um conceito, cria uma narrativa indicadora de um caminho, reforça essa ideia em entrevistas e coletivas, mas por fim não entrega o que promete, fica a sensação que falta algo. Quando ela constrói no imaginário do fã e telespectador a grandiosidade de algo ou alguém, enfatiza essa dualidade de forças, mas por fim a derrocada de uma coisa ou outra acontece com facilidade, de forma simplista, onde claramente não deveria ser assim, fica a sensação que falta algo.
Faltou algo, nem que seja a sensibilidade de tentar manter a coerência.
Ao sair da sessão, o único sentimento presente era esse, de ausência. Faltava a empolgação de sempre, mas por que ela não tava ali? Passei cerca de uma semana digerindo o filme, lendo sobre, conversando com os amigos que assistiram, na tentativa de entender porque eu não estava empolgada e eufórica. Minha expectativa era de que esse seria o filme do ano e essa foi a primeira a morrer quando a sessão acabou. Depois me dei conta de coisas que eu esperava que fossem abordadas de formas diferentes e não foram. Menções que poderiam ser feitas e não foram. E olha que eu não esperava que metade das possíveis confirmações aparecessem.
E eu fico muito triste com isso, porque se eu tivesse ido assistir ao filme sem esperar nada dele, teria aproveitado muito mais. Mas, parte disso é culpa da Marvel, como eu disse. Infelizmente, por criar um universo de possibilidades e interligado, ela fica refém de que as coisas estejam minimamente alinhadas, nem que seja por um detalhe ou outro. Acho que esse é meu maior incômodo. Só consigo aceitar a “passabilidade” quando o contexto é outro, quando é produção de origem ou apresentação de personagem. Logo, se Multiverso da Loucura for visto como um filme de introdução da America Chavez e só, ele é um 10/10. Em qualquer outra coisa, ele falha.
Não é um filme coeso sobre o Doutor Estranho, não é um filme coerente sobre a Wanda, não é um filme coerente e nem coeso sobre o Multiverso apresentado até então. E talvez ele não esteja pedindo coerência ou coesão, e em algum momento eu entenda isso e aceite melhor, mas por hora é isso. Não dá.
Prometo que vou formular isso melhor no episódio do podcast sobre o filme, até lá, lidemos com a frustração.
Ps: Sam Raimi fez uma direção incrível, a atuação da Elizabeth Olsen está sensacional, bem como a do Benedict Cumberbatch e da própria Xochitl Gomez. Os elementos de terror bem aplicados e alinhados ao drama e aquele toque sutil de comédia deixam tudo mais fácil de encarar, confesso.
Nota: 7/10
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