Desculpe o transtorno, mas este é um lembrete de que o timing nunca falha


(Foto: Reprodução/HBO Max)

Passei o dia dos namorados em uma maratona de Sex and The City e fiquei pensando nas referências que a gente vai acumulando ao longo da vida. Se alguém aí ainda não sabe, SATC é uma série que fala sobre amizade, mas acima de tudo sobre relacionamentos. Carrie Bradshaw, personagem interpretada por Sarah Jessica Parker, é uma colunista de revista que escreve sobre relações e Nova Iorque, é claro.

Na maioria das vezes, a Carrie é tudo que eu quero ser “quando crescer”. Escrever minha coluna para revistas, incluindo a Vogue, morar em NY, respirar moda e, somado a isso, se dar ao luxo de ter uma vida social e amorosa badalada. Mas, com o olhar mais “depressivo” da data ultrarromântica, fiquei pensando em como a série envelheceu mal, apesar de seguir sendo uma das minhas preferidas.

Passamos mais de 20 minutos imersos em um enredo que gira em torno de homens na maior parte do tempo, sobre a necessidade de estar em um relacionamento, de ter um amor, de estar com a vida sexual ativa e uma série de outros pontos. Sem tirar o mérito de outras discussões que SATC retrata, como maternidade, alguns sexismos e até mesmo uma sexualidade mais liberal, ainda é um produção dos anos 90, com toda a mentalidade que a época tem, infelizmente.

Carrie é a pior, porque ela tem uma construção que parece remar contra essa maré, situada mais “à Samantha” do que “à Charlotte” na escala de mulheres da produção e como elas compreendem os relacionamentos, mas na verdade ela está sempre se submetendo a relações falidas, tem sempre um julgamento na ponta da língua e, por fim, ainda tem umas ideias bem distorcidas que como deveria ser um relacionamento – até mesmo em relação às amizades.

Charlotte já carrega o estereótipo de ser “certinha”, de ter como objetivo de vida a formação da família e o casamento, então certos ideais já são esperados. Enquanto a Miranda também já é carregada do próprio estereótipo, da mulher obcecada pelo trabalho que nem pensa em relacionamento. Nenhum deles estão corretos, porque é possível ser bem-sucedida sem ter que escolher um outro, mas ainda assim elas possuem comportamentos já esperados pelo proposto pela série.


(Foto: Reprodução/HBO Max)

Tudo isso para dizer que: sim, Samantha Jones é a melhor personagem de SATC. Eu, que sempre quis ser a Carrie em muitas coisas, consigo ver melhor do que nunca como a SJ é uma personagem complexa, bem construída e muito à frente dos anos 90. Ela não tenta ser perfeita, ela é bem-sucedida profissionalmente, ela vive a sexualidade dela como bem entende e ainda assim ela tem seus próprios preconceitos, tentando resolvê-los, como qualquer pessoa normal.

Apesar de ser alguém que se opõe à monogamia e ao casamento na maior parte do tempo, por exemplo, a própria Samantha se permitiu se apaixonar e viver as relações que acreditava, simplesmente acatando os próprios desejos no momento em que eles surgiam. Como deveria ser.

Fica fácil entender porque SJP teve um leve ciúme do sucesso de Samantha, Kim Cattrall soube entregar uma personagem na medida certa do que outras mulheres são, querem ser e também precisam “ajustar”. Com toda a bagagem emocional, preconceitos, surpresas, vontades e ambições. E assim como de outras vezes, dei play na série mirando na Carrie e finalizei os episódios pensando em como Samantha é, de fato, a maioral – e o mais perto de melhor exemplo que a produção consegue apresentar.

Ou seja, terminei o meu dia dos namorados cercada de mulheres no mesmo barco – solteiras, e às vezes até desacreditadas, com uma série de questões que discordo completamente e algumas outras que eu até me identifico – e fiquei pensando nas referências e nos riscos de se enxergar em certas narrativas.

(Foto: Reprodução/HBO Max)

“That night, I dedicated my baby, my book, to hopeful single women everywhere and one in particular…my good friend Charlotte, the eternal optimist, who always believes in love.” (Carrie Bradshaw)

E quando eu tava quase chutando o balde, me pegando mais uma vez afundando na deprê do dia 12 de junho, o minutinho final de um dos episódios mostra a Charlotte relembrando à Carrie porque se mantém otimista, apesar de tudo. O melhor exemplo de “solteira esperançosa”. E esse momento, esse mísero minuto, além de lembrar o porquê eu gosto tanto de Sex and The City, também me lembrou uma frase que uma grande amiga me disse nesse fim de semana: o timing é (sempre) perfeito. “Nunca esqueça disso”.

Não esquecerei.

E pra você aí, minha single lady, fica o mesmo conselho. Happy valentine’s day! :)

Onde assistir? HBO Max

Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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