
(Foto: Reprodução/YouTube)
Eu acho que todo mundo tem alguma música ou banda que quando escuta, te transporta diretamente para outra fase da vida e é quase como se você conseguisse sentir as mesmas coisas daquela época. Eu poderia listar várias aqui, mas sempre uma das que eu lembro primeiro é Charlie Brown Jr.
Acho que a primeira música que eu ouvi do CBJr foi sem ter noção de que era deles na abertura de Malhação, entre 2004 e 2005. Nessa época, eu não parava ainda para ouvir música, mas lembro de ter o CD da Malhação e ficar ouvindo em looping enquanto brincava de qualquer outra coisa. Foi só um pouco maior, uns dois anos depois, e já com acesso ao computador (com internet) que pude conhecer a banda.
Lembro também de quando ouvi pela primeira vez “Só os Loucos Sabem”, ainda na famigerada MTV. Devia ser algum dia de semana, provavelmente estava passando o clipe no top 10, MTV hits ou coisa do tipo, mas aquele conversível vermelho e aquele cara de boné cantando coisas como “eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão, mas pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião…” sempre conseguiram chamar a minha atenção.
A MTV foi fundamental tanto na descoberta quanto no consumo das músicas – e meus primos também, com quem eu trocava figurinhas sobre o assunto. Tinha que assistir aos clipes na TV na maior atenção para anotar o nome e lembrar de pesquisar quando pudesse acessar a internet. Parece que foi em um outro mundo, mas são tantas mudanças que é quase isso. Eram os primórdios da internet no Brasil e tudo muito analógico ainda, socorro.
Mas, finalmente, por que eu tô falando disso? Porque eu descobri que hoje é dia do Skate e a minha primeira referência quando penso no esporte é Charlie Brown Jr. E também porque sábado eu estava ouvindo músicas com Adan e lembrando dessa época, da MTV, dos clipes, do impacto que as músicas e bandas tinham nas nossas vidas. Esse é um texto meio saudosista, porque fiquei refletindo sobre como essa história de hit deixa as músicas mais efêmeras e, principalmente, mais despreocupadas com as letras.
(As letras sempre foram marcantes para aquela época, porque a gente vivia de colocar frases em depoimentos e scraps no orkut, em legenda de foto ou no subnick do msn.)
CBJr e o Chorão, em particular, sempre foram algo muito forte na minha memória afetiva. Nunca tive a chance de ir num show deles, infelizmente não deu tempo. Quando o Chorão morreu, lembro de me sentir muito mal. Vi a notícia no colégio e não acreditei, mas quando cheguei em casa, chorei com o noticiário da noite na TV. Uns meses depois confirmaram um show de “A Banca” em Recife e eu tava de ingresso comprado quando, semanas antes do festival, o Champignon também foi embora.
Eu nunca esqueci isso. Desse momento e dessa sensação.
Ainda que o show de “A Banca” não tivesse o Chorão, ainda eram os demais integrantes e uma homenagem justa partindo deles. Mas, não aconteceu. E pode parecer melancólico dizer isso, porém acho que essa ferida nunca se fechou 100% em mim. Sempre vai faltar o show do CBJr, assim como falta o show do Forfun e do Scracho – para esses, enquanto há vida, há esperança.
Acho que essa coluna é um ótimo exemplo da pessoa apegada, melancólica e nostálgica que eu sou – e eu não nego. Jogo toda essa culpa na Lua em Peixes, é sobre isso. E, se eu estou falando sobre essa banda e as músicas que me marcaram, como a primeira de todas “Te Levar Daqui” e “Só os Loucos Sabem”, eu não posso deixar passar sem mencionar “Meu Novo Mundo” e “Um Dia a Gente Se Encontra”.
(Pesquisando para esta coluna, eu descobri que Meu Novo Mundo foi composta durante uma passagem do Chorão por Recife. <3)
Essas duas músicas estão diretamente relacionadas à morte do vocalista, pois a primeira foi divulgada dias antes do acontecimento e a segunda vazou dias depois. De qualquer forma, prestando atenção na letra delas, principalmente de Meu Novo Mundo, seria impossível não pensar na morte do Chorão. Inclusive, as duas músicas se “unem” também pela frase: “se quem eu amo tem amor por mim, eu sei que ainda estamos muito longe do fim”, repetida em ambas as canções.
Charlie Brown Jr também era uma banda que se aproximava da gente. Chorão cantava a vivência dele. As boas, as ruins, o amor, os problemas, os questionamentos, as dificuldades e as vitórias. Ele transformou tanto os “dias de luta” quanto os “dias de glória” em poesia. Ele reuniu os seus “vícios e virtudes” em canções que embalavam sua busca pelo seu “lugar ao sol” enquanto “lutava pelo que era seu”.
A banda estourou em 1997 e desde então coleciona fãs. Entre esse final dos anos 90 e até a metade dos anos 2000, Charlie Brown Jr era o sucesso e ecoava pelos fones de ouvido de, pelo menos, 80% das pessoas que eu conhecia – da minha idade e um pouco mais velhas. Das trilhas sonoras de Malhação até as novelas das 9 na Globo. Dos tempos de 4shared até hoje, no meu Spotify. Chorão se imortalizou. Ainda que a nova geração não consuma tanto esse tipo de música ou de banda, sei que nosso saudosismo vai continuar espalhando a palavra que vai encontrar por aí alguns novos fãs em algum momento.
E sempre vai haver alguém com seu violão puxando “Céu Azul” numa rodinha de amigos e nesse momento, todo mundo sabe que depois daqueles primeiros acordes, até mesmo quem reclama da música, tem ar no pulmão para mandar um “tão natural quanto a luz do dia…”. Juro, eu poderia passar horas escrevendo sobre a importância de CBJr na minha vida. A trilha sonora de uma vida. Lembro que um tempo atrás eu vi um tweet comentando sobre como todo mundo que foi fã da banda ou conheceu ela entre 1997-2013 tem, pelo menos, uma música da banda associada a algum momento da sua vida.
(Nossa, eu já troquei muita música de Charlie Brown com crushes ao longo dessa vida. Socorro! Sem contar com outros momentos que foram marcados por alguma música da banda.)
Como eu disse, CBJr ainda é (e sempre vai ser) uma ferida aberta no meu coração de fã. O último contato inédito que eu tive com algo relacionado à banda e ao cantor, foi com a leitura do livro “Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?”, da Graziela Gonçalves, viúva do Chorão. O livro me deixou 200% mais fã do artista e da banda, mesmo com todas as polêmicas e o temperamento “difícil” do Alexandre.
Para falar sobre o livro, eu (spoiler!) volto aqui sexta-feira com a resenha dele. Por hoje, fica minha saudade e recomendação, se você por algum acaso nunca ouviu a banda. E, mais do que isso, fica o meu lembrete para você que conhece e faz tempo que não ouve…Vamos relembrar?
Que a gente se deixe inspirar pelas letras daquele que não se achava poeta, mas escreveu poesias. Que a gente se permita amadurecer, assim como ele, na frente do mundo e expondo também as nossas vulnerabilidades. E, se fica uma lição da morte dele, é que a gente não precisa lutar sozinho contra nossos próprios demônios, afinal “sorrir, chorar e ter alguém pra compartilhar sempre”.
Para me despedir, não dá para falar de Charlie Brown Jr, mencionar Forfun no mesmo texto e deixar “O Universo a Nosso Favor” passar. Dá o play aqui embaixo e, bom, até a semana que vem!

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