
(Foto: Divulgação/Star Channel)
This Is Us chegou ao fim há uma semana e eu ainda não superei tudo que aconteceu nessa temporada final. A série, criada por Dan Fogelman, estreou em 2016 e desde então arrancou lágrimas, suspiros e muitas emoções dos fãs. O episódio final, exibido nos Estados Unidos no dia 24 de maio, foi como um abraço quentinho tal qual havia definido Mandy Moore em uma das últimas entrevistas antes do adeus final à produção.
A história de This Is Us sempre girou em torno da família Pearson, começando com o dia em que os trigêmeos Kate (Chrissy Metz), Kevin (Justin Hartley) e Randall (Sterling K Brown) chegam da maternidade. Seus pais, Jack (Milo Ventimiglia) e Rebecca Pearson (Mandy Moore), vão enfrentar os desafios da construção de uma família ainda sob a sombra de um luto recente. Essa mesma sombra de luto acompanha a família quando os trigêmeos já são adolescentes e é também à sombra de mais uma perda que nos despedimos dessa família.
Ao contrário do que possa parecer, não foi um final triste. Em todos esses momentos de luto, This Is Us mostrou resiliência e união para lidar com as dificuldades que a morte acarretava. Ao longo da série, encontramos personagens que estão bem distantes de serem perfeitos e, talvez, esse seja o melhor de This Is Us. A gente se enxerga, se identifica, se reencontra, nas dores, nos amores, nas alegrias, nas dificuldades, na vida.
Como já mencionei em outro texto sobre a série, comecei a assisti-la por conta do Milo Ventimiglia, o patriarca da família Pearson. A construção da série induz você a enxergá-lo como o homem perfeito mesmo diante de suas imperfeições e, por muito tempo, a gente acredita que a série é mais sobre ele e o impacto dele na família do que sobre qualquer outra coisa, e ainda há uma parcela de razão nisso, mas a sexta temporada mostrou que sempre estivemos olhando para o Pearson errado.
This Is Us é muito mais sobre Rebecca Pearson do que qualquer outra pessoa, enredo ou relação. Ela é o elo, a cola, que mantém essa família unida. Muito da série, ao olhar sob essa ótica de protagonismo, parece que é a visão que ela sempre quis passar aos filhos da vida que eles tiveram. Não, Jack não era perfeito, mas ainda foi um pai presente, amoroso e protetor com sua família, apaixonado por ela e capaz de qualquer coisa por esses quatro. Só que a Rebecca ainda ia mais além.
Quando Jack morre e ela tem que assumir as rédeas da família, ela faz isso de forma magistral. A gente acompanha a Rebecca se reerguendo quando, na verdade, sempre achamos que ela podia ceder de vez. Rebecca é mãe. E, mesmo eu não sendo uma, consigo entender o poder que tem a maternidade na vida de uma mulher que a escolhe. Sabe aquela história de que mãe vira bicho quando mexe com suas crias? É mais ou menos sob esse contexto que ela levanta as mangas e segue a vida, mesmo despedaçada.
A sexta temporada é a coroação desse protagonismo de Rebecca e, por consequência, de Mandy Moore. Com a jornada da personagem em relação ao Alzheimer, fomos presenteados com cenas incríveis de emoções e angústias mostrando porque Mandy Moore foi uma escolha imensamente acertada da produção da série. Tivemos seus belos discursos e conselhos bem típicos de mão que transbordavam da tela até às nossas casas, tivemos seus momentos reflexivos, suas lembranças e sua firmeza.
Foi essa temporada que também deu a redenção final ao Miguel (Jon Huertas), que por muito tempo viveu sob a pressão de estar “tomando” o lugar do Jack. Pudemos ver todo seu amor e devoção pela Rebecca, os cuidados até os últimos dias, além de sermos apresentados a sua história, seu passado e todo o caminho que foi traçado e escrito para chegar onde chegou. Miguel que, como bem menciona a Rebecca, foi sua segunda vitória na loteria, sendo amada e amando dois homens que valeram a pena.
E como um bom encerramento de arco, a sexta temporada de This Is Us foi repleta de recomeços. Segundas chances para o amor, seja ele um amor novo ou um amor do passado, sendo muito mais maduro agora. Tratando-se de recomeços, nem só de passado vive TIU e o último episódio relembrou bem isso. Ainda há futuro. Apesar da Rebecca ser a cola da família, o trabalho dela foi tão bem feito que garantiu que eles não se descolem nunca mais, independente do que estejam fazendo.
Não canso de dizer que This Is Us é a melhor série já feita e seguirei reafirmando isso até o dia que outra produção conseguir mudar minha opinião. Sua narrativa não tem grandes plots e nem precisa se ancorar em coisas fora do comum, é justamente o comum que cativa. É uma série simples, sem firulas, que nos abraça nos dias ruins e nos impulsiona nos dias bons. É que nem colo de mãe e, ao assistir, parece que estamos todos sob os braços amorosos da matriarca Pearson.
Seu roteiro é bem escrito e ela foi finalizada sem deixar nenhuma ponta solta. Suas resoluções não são mágicas e, ao contrário, acontecem na base de muito diálogo e compreensão – em alguns casos, com terapia e tudo. Ninguém é perfeito e todos, absolutamente todos, são apresentados com suas camadas de intensidade, seus defeitos e suas qualidades.
This Is Us fez e faz sucesso porque é dia a dia. É espelho. É meta. Ela se aproxima quando mostra pessoas normais, fazendo coisas normais, em dias normais. Ela acerta quando escolhe finalizar sua história com um dia comum, não planejado, mas ainda assim inesquecível. Porque, se você parar para pensar, é exatamente disso que nossa vida é feita. Os melhores momentos que colecionamos, que lembramos e que rendem histórias, raramente foram planejados com antecedência, raramente seguiram conforme o planejado.
This Is Us relembra a gente que a vida acontece nessas entrelinhas e que ela está acontecendo aqui e agora. É um pouco do que Soul, da Pixar, tentou nos resgatar e consegue fazer isso de forma brilhante ao longo de suas seis temporadas. This Is Us é sobre o agora. Sobre família – e nem só de sangue. Sobre amor. Sobre a vida e sobre viver.
Tomara que a gente se sinta mais inspirado pela saga dos Pearson para viver bem e melhor. Mal se foram e já estou com saudades. Em breve revisitarei, mas até lá, this was us. This is over.
Nota: 10/10
Onde assistir? Star+ (completa) e Prime Video (até a quinta temporada)
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