Resenha literária: Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?


(Foto: Reprodução/Arquivo Grazon)

“A vontade de te ver já é maior que tudo, não existem distâncias no meu novo mundo…”

Para uma pessoa que teve a infância e adolescência embalada pelos hits de Charlie Brown Jr e demais bandas da cena musical do rock, emo, hardcore do Brasil em meados dos anos 2000, passear pela história do Alexandre (Chorão) é rememorar um pouco da própria vida também.

CBJr nasce junto comigo, basicamente, em 1997 e crescemos juntos. A MTV que deu vez e voz para essa banda foi a mesma que me apresentou eles – para além de conhecer a trilha sonora de Malhação, é claro. Os clipes, as canções, não tem como não dizer que não embalou momentos da minha vida. todo mundo dessa geração tem alguma relação de apego com ao menos uma música da banda.

A história de amor da Grazon com o Chorão é um misto de emoções e sensações, mas pra mim soou como uma lembrança viva de quem foi o artista que tanto admirei e passei a admirar mais ainda depois de ler o livro. A autora, Graziela Gonçalves, consegue passar quem era o Alexandre Magno Abrão, aquele por trás da casca dura do maloqueiro skatista de Santos. O menino amoroso, que deixava bilhetinhos pela casa e chorava quando ninguém tava vendo, que perdeu a batalha contra as drogas e a depressão, mas deu um jeito de até depois do fim deixar uma mensagem responsável para quem fosse ouvir.

Todos os momentos são bem detalhados e descritos pela autora ao longo dos capítulos, começando com o dia em que eles se conheceram, a inspiração para “Proibida pra Mim” – ela achou meu cabelo engraçado...disse que não podia ficar, mas levou a sério o que eu falei. Depois, a história é recheada pela série de acontecimentos entre a vida pessoal da Grazon, do Alê e também do Charlie Brown Jr, pois é impossível dissociá-las.

“Nossa, quanta história, né, Gra? Quanta batalha pra chegar até aqui…” Uma sombra passou pelo seu olhar de repente, e ele continuou: “Se um dia acontecer algo comigo, conta a minha história pra essa molecada, Grazi”.

O livro me marcou, não posso negar. Certos momentos da história e, consequentemente, da carreira do CBJr me fizeram viajar no tempo, alguns até lembro de acompanhar. As menções às músicas me fez procurar na playlist e fazer da experiência de leitura uma coisa mais imersiva. Reacendeu a chama aqui dentro. A adolescente que habita em mim se sentiu abraçada, ao mesmo tempo triste, revivendo a sutil dor de perder um ídolo tão cedo. Chorei as mesmas lágrimas de 6 de março de 2013.

Mas, completando o que a Grazon termina dizendo no epílogo do livro, que é “eu digo Charlie...”, eu digo: Brown!


Nota: 10/10

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Editora: Paralela 
Ano: 2018 (1ª Ed)
Páginas: 262

Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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