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(Imagem: Cena do filme Elvis, 2022) |
Quando foi anunciada mais uma cinebiografia do cantor Elvis Presley, me mantive atento. A história de um dos maiores ídolos da cultura pop é também uma das mais conturbadas. Pelas mãos do cineasta Baz Luhmann, que além de dirigir, também roteirizou e produziu, era sinônimo de grandiosidade. Quem assistiu O Grande Gatsby e Moulin Rouge, conhece as características marcantes do diretor. Ao imaginar o que ele podia fazer, com uma história de excessos e grandiosidades, eu fiquei bastante animado.
A procura para encontrar o ator que daria vida ao astro foi bastante noticiada, e claro, muitos se tornaram favoritos no fancast dos sonhos. Quem se deu melhor foi o ator Austin Butler, que eu já havia acompanhado desde The Carrie Diaries (sdds, inclusive) e por vez a outra, via um papel dele. Inclusive, ele esteve presente na última obra do Quentin Tarantino, Era uma vez em Hollywood. Nada muito expressivo, mas fiquei bastante feliz pra ver no que daria e sentia que viria algo bom.
Na contrapartida do Elvis, o seu antagonista vinha na persona do Coronel Tom Parker, interpretado pelo magistral Tom Hanks. Sou bastante fã do ator, que vai bem em tudo o que lhe é dado. Após saber dos principais, o interesse estava bem criado e só esperava seu lançamento. Como sabemos, Luhmann preza por uma boa trilha sonora e quando foi anunciada, mais um ponto de interesse, Inclusive, a música Vegas da Doja Cat me deixou intrigado sobre como iria ser o recorte dessa obra.
Em 13 de julho o filme estreou nos cinemas nacionais e podemos tirar nossas conclusões. A história é narrada pelo Coronel Parker, um homem misterioso, onde tem origens desconhecidas. Ele é um empresário, que ascendeu à fama após gerenciar a carreira de um dos maiores astros mundiais da história, durante mais de duas décadas. Logo de início, sabemos que ele não presta e até o final vamos cada vez mais vendo o quão sanguessuga e canalha que esse homem foi.
Em flashes, é mostrada a infância de Elvis e sua caminhada até a fama. Cada pedaço de sua vida é trazido, alguns com mais flashes maiores que outros, Confesso, que achei a montagem da primeira parte do filme extremamente cansativa, ainda assim não menos interessante. O cantor aqui, mostrado como uma presa aos olhos de um caçador em busca de subir na vida de qualquer forma. O Coronel enxerga no jovem sua galinha de ovos de ouro e ele pretende usar de tudo para possuí-lo. E ele consegue.
Um dos pontos que eu fiquei bastante ansioso, era no ponto da apropriação da música negra e das raízes do rock. Tido como “Rei do Rock”, desde o lançamento da música da Doja Cat, fiquei me perguntando qual seria o recorte dessa área da história dentro da história. Para quem não sabe, o primeiro grande hit do cantor, Hound Dog foi originalmente cantada por Big Mama Thornton.
O cantor foi boicotado no inicio de sua carreira, por ser um branco com trejeitos de cantores negros, o que era uma afronta. Inclusive, os “trejeitos” citados, seria o rebolado que remetia a conteúdo sexual, que claro jogavam esses fatores a comunidade negra. Elvis sempre demonstrou bastante admiração pela comunidade negra, e admirava vários cantores e isso é mostrado no filme. Alguns fatores históricos, inclusive, são pano de fundo, como a segregação racial, os assassinatos do dr. Martin Luther King e JFK.
A área pessoal do ídolo também é colocada em pauta. Seja com a mãe e sua ligação com ela, com Priscila ou com suas fãs, mesmo que algumas vezes superficiais e não sendo o foco, mesmo assim estão lá. A todo tempo, é apresentada uma figura meio perdida, apenas sendo levado pelas circunstâncias e nesses pequenos detalhes, o Austin brilha. Ele não tá incrível apenas na personificação estrelar, os trejeitos e muitas vezes, ele se perde e se torna o próprio Elvis. Mas ele brilha, nas pequenas impressões, no jeito de olhar, de levar os dedos à boca, de se mover. A escolha do protagonista foi o maior acerto.
Somos guiados em um carrossel de emoções, seus primeiros altos e baixos, seu retorno triunfal, a separação com Priscila e o fim de sua vida. Tudo narrado pelo Coronel, que em meio a vida do Elvis fez fortuna e manipulou todos à sua volta. Em certo momento, vemos o cantor em um momento difícil e mesmo assim, forçado a trabalhar, enquanto seu agente colocando mais e mais peso em sua vida.
Ao final do filme, todos sabemos qual é, e de uma forma belíssima é finalizada com a dita última apresentação de Presley, enquanto ele canta Unchained Melody, clássico dos The Righteous Brothers, de uma forma emocionante. Enquanto vemos o seu fim, sabemos que ele ficará marcado para sempre na história da música e da cultura pop.
Com uma grande história, Baz se perde em certos momentos. Seus visuais são impecáveis e por mais brega que seja em alguns momentos, isso salta aos olhos e faz com que a arte seja apreciada. Como disse antes, a escalação dos atores principais foi de um acerto único, e não existe nada além desses dois astros transitando aqui. Ninguém consegue roubar o brilho dos protagonistas. Todavia, em certo momento, a atuação de Hanks se torna um pouco automática, mas nada que afete.
Não que seja um filme ruim, longe disso, apenas não chega lá quando deveria. Lá onde? Em todo o potencial que uma história como essa poderia imprimir. O personagem Elvis aqui não tem o protagonismo que deveria ter, podendo ser mais um coadjuvante de sua própria história, o que pode ser sim, a intenção do diretor. Ressalvas à parte, vale a pena apreciá-lo, mesmo sabendo que não foi tudo o que podia ser.
Nota: 8.3/10
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