Términos são términos. Não importa se foi bom ou ruim, todo rompimento traz consigo uma necessidade de adaptação. Mudar a rotina, aprender a gostar de coisas novas, deixar de lado algumas manias, entre outras coisas. Também pouco importa se estamos falando de romances ou amizades. No fim das contas, toda relação rompida carrega consigo um sentimento de como quando o GPS precisa recalcular a rota: exige tempo. Tempos diferentes para cada pessoa, mas sempre tempo.
Há algumas semanas, tenho pensado sobre a importância de ressignificar coisas. Tudo começou quando uma amiga minha (oi, Maria!) me mandou o print de uma música em específico da banda Scracho que já embalou um antigo relacionamento e, naquele instante, eu percebi que não tinha mais o mesmo peso. Na verdade, não tinha peso algum, era só “mais uma música” de uma banda que eu amo e que depois daquela mensagem ganhou um novo significado, deixando mais para trás ainda qualquer outro tipo de lembrança.
Acho que nesse ponto do texto talvez seja importante dizer que houve um tempo em que eu não ouvia mais Scracho. Nem Nando Reis. Nem Saulo Fernandes ou qualquer outra banda/músico que me lembrasse ex. Essa fase durou um tempo diferente para cada um deles, porque remetiam a momentos distintos, então uns eram mais difíceis do que outros. Mas, olhando para trás agora, eu não consigo me lembrar do instante em que isso passou. Não lembro do dia em que eu acordei e essas coisas já não significavam mais nada nesse sentido.
É engraçado pensar isso, porque esse mesmo sentimento serve para várias coisas na nossa vida depois de um término ou de um fim de amizade, sei lá. Na hora que acontece temos uma sensação, depois de um tempo a morte parece mais agradável, porque é como se todo sofrimento do mundo habitasse em você e, um belo dia, passa. Você acorda e não dói mais. E no momento que você se dar conta disso, aquilo que parecia o fim do mundo se torna só mais um capítulo da sua história, daí vida que segue.
Então, eu acho importante ressignificar as coisas, principalmente porque isso quer dizer não sentir mais dor, mas também não precisar sentir raiva quando ouvir, ler, passar por algum lugar ou o que quer que seja. Não é sobre esquecer, ignorar ou fingir que não existiu, é sobre reconhecer tanto que faz parte da sua história, que pode ganhar novos significados com o decorrer da sua vida.
Hoje eu não deixo mais de ouvir Scracho. É uma das minhas bandas preferidas. Já era antes do relacionamento e continuou sendo depois. Sempre foi maior do que qualquer coisa desse tipo, então por quê deixar para trás, né? E aí, a situação em questão me marcou tanto porque foi a primeira vez que eu me dei conta de estar ressignificando algo no momento em que isso acontecia.
E o timing foi perfeito, porque nas últimas semanas aconteceram shows de uma turnê que Scracho fez depois de anos sem se encontrarem nos palcos. Não fui para nenhum, mas a Maria esteve em um deles e pode me mandar vários videozinhos que eu curti sem lembranças ruins ou dolorosas ou qualquer coisa do tipo. Eu sei que não tinha mais porque doer, afinal já faz bastante tempo que toda essa história ao redor do Scracho aconteceu. Já é uma situação cicatrizada, mas serve de lembrete de que é sempre tempo de ressignificar, de mudar e de recalcular a rota.
É necessário aprender a atribuir outras e novas lembranças às coisas boas do passado sem medo de ter que revisitá-las. Elas são parte de nós e da nossa história. O passado faz parte de quem nós somos. E a dor, no geral, já rouba coisa demais da gente, chegou a hora de roubar de volta.
E você, já ressignificou alguma coisa hoje?
E você, já ressignificou alguma coisa hoje?
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