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(Imagem: Divulgação/Blumhouse Productions) |
Finalização de ciclos é sempre algo muito difícil e complicado de agradar. Agora avalie quando você precisar dar um final à história de uma das maiores personagens da indústria do cinema slasher, como também acabar com um dos monstros mais consagrados que o cinema já criou. Quando David Gordon Green aceitou levar às telonas a trilogia que iria dar um final a história de sangue de Laurie Strode e Michael Myers, ele concordou também a ser alvo de grandes críticas diante de suas escolhas.
Após um grandioso retorno em 2018, Halloween, que foi lançado sem subtítulo, dava início ao fim de uma das maiores sagas do cinema de horror. Trazendo novamente Jamie Lee Curtis no papel da final girl da franquia, que pela quinta vez iria enfrentar seu maior nêmesis, com uma trama bastante arriscada, apagando não só as continuações sem a Laurie, mas todos que sucederam o original de 1978. Nada de laços sanguíneos entre Strode e Myers, nada de filhos e principalmente, novas motivações.
O filme de 2018 foi um grande sucesso, tendo o anúncio da sequência com o subtítulo “Kills” logo em seguida, que devido a pandemia chegaria aos cinemas apenas em 2021. Dividindo opiniões, seja pelo ritmo frenético, seja pela pouca atuação da Laurie em tela, tal qual pelo seu final, o filme foi bastante criticado, mas ainda restava o “Ends” e tudo poderia ser consertado, dando um final digno seja para a mocinha, para o vilão, ou ambas as partes.
É possível que haja spoilers a partir daqui.
Lançado em 13 de outubro nos cinemas brasileiros, Halloween Ends se passa três anos após o massacre que Myers (James Jude Courtney) causou em Haddonfield. No Halloween de 2021, o jovem Corey (Rohan Campbell) está cuidando de Jeremy (Jaxon Goldberg), quando, após uma brincadeira mal executada, um acidente ocorre e o babá é acusado de ter matado a criança. A história dele e de Laurie vão se cruzar em um momento, onde ambos vistos como párias da cidade, eles se unem e a vovó Strode faz o Tinder, juntando sua neta (Andi Matichak) com o garoto.
Claro que uma hora ou outra, algo de ruim iria acontecer. Sendo excluído da cidade e sendo constantemente perseguido por uma gangue de adolescentes irritantes, Corey é empurrado de uma ponte, sendo considerado “morto” pelo líder irritante da gangue. A partir desse momento, a história que DGG decidiu contar se torna uma escolha extremamente arriscada e, em sua maioria, falha. Salvo por nosso querido Michael Myers, algo meio As Visões da Raven acontece, algo sobrenatural, e é como se o assassino mascarado visse o “mal” dentro do garoto, passando sua essência.
Uma obsessão doentia, em um romance bem mequetrefe, começa a nascer de Cory pela a Allyson, que se nos dois filmes anteriores me deixou até agradável com sua personagem, aqui me fez odiar. Inclusive, o ódio é o que mais se sustenta durante as quase duas horas de filme. Um bando de personagens irritantes, que só aparecem para servir de contagem de corpos – o que ninguém liga também, pois não acrescentam em nada.
Durante o filme todo, a impressão que me causava é que era outro reboot, um filme dirigido por outra pessoa, com uma nova visão dentro da franquia. Esse filme podia excluir tudo o que foi feito até então, trazendo uma nova abordagem para essa saga. Não sei se daria melhor, mas diante de algo que deveria servir como finalização e uma junção de três filmes, falhou um pouco.
A falta do grande vilão e a inserção de um personagem que só serve para fazer sua própria vingança, levado pela loucura ou por um fator sobrenatural, serve para desviar do que realmente importa: Michael Myers está ali, mas é como se não tivesse. E até ele voltar em toda sua glória, ou pelo menos para sua batalha final, fomos presenteados com núcleos e tramas desnecessárias.
Diante de tantos erros, mesmo não sendo o que eu esperava, traz uma boa finalização para a história da Laurie. A personagem, que começa escrevendo suas memórias, tendo às vezes alguns motivos para sorrir, se vê diante de mais um louco na sua vida, dessa vez ameaçando a integridade de sua neta. Se vendo sem ninguém, ela termina o que precisava e liga para a polícia, dando a entender que vai dar fim ela mesma ao que Myers falhou antes. Logo, seu maior vilão aparece, com ela dando fim em poucos minutos. MAS CLARO QUE NÃO SERIA ISSO, e sim Corey trajando a emblemática máscara de Capitão Kirk sem feições.
A luta final de verdade entre Michael Myers e Laurie Strode é bastante eletrizante. A todo momento só pensava em como a Jamie Lee Curtis precisava estar com as vitaminas tudo em dia, o canela de velho guardada em casa, pois é uma BATALHA REALMENTE INCRÍVEL. Em sua luta final, a Allyson percebe o papel de idiota que está fazendo e juntas dão cabo e, finalmente, destroem esse tão temido bicho-papão.
Fazendo o que todo mundo sempre pensou, a família Strode se une a polícia e a todos os cidadãos de Haddonfield para triturar de vez essa sombra que os persegue, dando fim a eterna noite de Halloween. Mostrando que finalmente poderá respirar em paz, Laurie Strode se dá a oportunidade de sorrir e seguir sua vida.
Com um saldo agridoce, Halloween Ends finaliza por aqui essa parte de sua história, e acredito que a última vez que veremos Jamie Lee Curtis no papel que a consagrou. Foram 44 anos indo e voltando para essa saga e, agora, acredito que seja impossível para ela voltar, devido a sua idade. Além disso, DGG deu um final definitivo, onde caso volte, será realmente em forma sobrenatural (o que já ocorreu na saga) ou em um remake.
O filme está disponível nos cinemas e, independente das críticas, ele não é o pior da franquia. Ainda dá sim para se divertir e aprecio a ousadia de levar essa trama às telonas.
Nota: 7.5/10
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