
(Imagem: Divulgação/20th Century Studios)
O Avatar de 2009 é um marco da história do cinema. Seja tanto pela inovação tecnológica, com a apresentação do 3D em um nível difícil de ser superado até hoje, quanto também por ter a maior bilheteria de todos os tempos, chegando a quase três bilhões de dólares, contando com os relançamentos especiais. A partir dele, foi criado um parque temático na Disney e um professor universitário com doutorado em Linguística formulou, totalmente do zero, a língua do povo na’vi. É fácil perceber que o impacto do filme cruzou as fronteiras de Hollywood. Entretanto, mesmo com todas essas credenciais, a cada ano que passava, ele tornava-se mais divisivo e proporcionalmente crescia um sentimento de aversão, com argumentos diversos apontando que não teria nada demais nesse universo. E, em 2022, 13 anos depois, Avatar teve que se provar novamente.
Nesta continuação, após a expulsão do “povo do céu”, um período de relativa paz é desfrutado por Jake Sully (Sam Worthington), Neytiri (Zoe Saldaña), os quatro filhos do casal, e pelo clã da floresta, os Omaticaya. Infelizmente, isso só dura pouco mais de uma década, porque os humanos voltam para aquela lua em busca dos recursos naturais e de vingança. Liderados pela General Frances Ardmore (Edie Falco), eles estão mais preparados do que nunca e rapidamente criam uma nova base na região, gerando uma coexistência forçada e nociva com os nativos.
As motivações dos personagens continuam simples. E sim, a narrativa permanece clichê. Mas isso acaba não importando quando o conteúdo é bem produzido. Se no longa de 2009 foi retratada a exploração das florestas e da biodiversidade, na desculpa de que precisariam do unobtanium para a Terra, em O Caminho da Água, essa temática está de volta, mostrando uma outra faceta da maldade humana. Os perseguidos da vez são os seres marinhos e, principalmente, acompanhamos uma clara referência às caças de baleias. É mostrado de uma forma tão palpável que, ao menos na minha sessão, foi perceptível o impacto gerado no público em algumas cenas.
O foco aqui é na família. Rapidamente somos apresentados às crianças que, no futuro, carregarão essa saga. E as atuações impressionam. No filme anterior, grande parte das ideias eram embrionárias. Já agora, há uma maior segurança em utilizar da mais alta tecnologia. Assistimos criaturas criadas em computação gráfica em praticamente 95% do tempo. Quase não vemos humanos interagindo em tela e isso não faz falta. É fácil notar as expressões dos atores e até reconhecer os que são apresentados com a introdução do clã do oceano, os Metkayina. É o caso do líder deles, o Tonowari (Cliff Curtis), e da Ronal, a líder espiritual, interpretada pela Kate Winslet. Temos algumas participações especiais de personagens que já conhecemos, mas que serão melhores desfrutadas sem o conhecimento prévio.

(Imagem: Divulgação/20th Century Studios)
E o que falar da parte técnica? Simplesmente um espetáculo. A definição de beleza esbanjada em tela. James Cameron dá uma aula de filmagem, além de dominar completamente o 3D. Ele não é invasivo, como estamos acostumados a ver nas produções lançadas a rodo nos últimos anos. Tem textura e profundidade. Com ele, e a partir dele, somos imersos em uma Pandora jamais vista, conectando o espectador quase inconscientemente àquilo. É uma inundação de cores e luzes, deixando-nos anestesiados. O diretor brinca em trazer referências. Temos Free Willy (1983), Tubarão (1975), Apocalypse Now (1979) e outras diversas e bem mais diretas à outra obra dele, Titanic (1997).
Novamente, não há nada de novo nessa história. Existem falhas, principalmente na parte inicial e na montagem. Porém, quando a sequência final se intensifica, fica a sensação de que valeu a pena. Os sentimentos dos personagens saltam e chegam em nós. Pode-se dizer que é meio exagerado ou até emotivo em excesso. Mas emocionar não seria um dos principais objetivos do cinema? E isso, este filme faz muito bem. Uma experiência única. E como dizem os na’vi: Eu Vejo Você, James Cameron. Eu Vejo Você, Avatar: O Caminho da Água. E que bom seria se todos pudessem vê-los também.
Nota: 10/10
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