Tico e Teco: Defensores da Lei – um filme de “olha o”s



Como boa sul-americana, nunca entendi muito bem a diferença entre o Tico e o Teco. Obviamente essa minha inquietação vai além das nítidas camadas de personalidade que, em alguma medida, se complementam desde 1943. Essa pergunta também ultrapassa os narizes vermelho de um e preto do outro. A verdade é que sempre tentei saber o que há nesses esquilos para serem tão especiais ao Norte das Américas. E penso que tem algo a ver com o humor praticado pelos lados de lá do Equador; algo que desconheço e confesso não ter muito interesse em me afeiçoar.

Mas, interessada ou não em entender Tico e Teco, cresci assistindo à TV Globinho e, por isso, todos os dias tinha um encontro marcado com Tico e Teco e os Defensores da Lei (1989), um desenho que, por aqui, foi reprisado entre 2010 e 2012 (quando nossa querida Globinho chegou à puberdade e nos deixou para virar a Glô que conhecemos hoje nas redes sociais).

De lá para cá, nunca mais ouvi falar do Tico, muito menos do Teco. Até maio do ano passado, quando a Disney lançou Tico e Teco: Defensores da Lei (2022), um filme que está disponível na Disney+ e traz os esquilos de 34 anos atrás para o século 21. “Que ótima ideia”, não pude deixar de ironizar, à medida que descobri que o filme entrega exatamente o que se propõe a entregar: uma trama óbvia, um resgate de personagens esquecidos, carisma para as novas gerações e um plot twist tão óbvio quanto todo o resto da trama.

Enquanto resolvem seus problemas pessoais e solucionam alguns crimes na vida real, depois de passarem décadas afastados, Tico e Teco nos guiam por um mundo que mistura live-action com animação e tinha tudo para dar errado… mas não deu. A primeiro momento, assim como vários outros filmes nesse formato – a exemplo dos recentes Pedro Coelho (2018) e Sonic (2020) – o filme causa estranhamento. Depois, talvez pela presença excessiva de animações, nos acostumamos ao universo em que os esquilinhos estão inseridos e passamos a desfrutar da vista. A cada cena, encontramos personagens diferentes.

De Sonic Feio a Batman vs. ET, o encontro com diferentes personagens da cultura pop cria uma experiência de “olha o…”, seguido de um extenso silêncio que, segundos mais tarde, é preenchido com o nome de um personagem tão esquecido quanto Tico e Teco são no Brasil. Na internet, há sites que contabilizam mais de 150 easter eggs referenciando a cultura pop no filme. Muitas delas nos tiram risos, outras nos deixam nostálgicos e a maioria delas são os “olha o”s do filme.

No fim, ainda não tenho minha resposta sobre Tico e Teco e seu carisma duvidoso. Penso que, com esse filme e a reapresentação dos personagens, talvez a próxima geração tenha. Mas, por enquanto, Defensores da Lei é isso mesmo: um ótimo exercício de memória.

Nota: 8/10
Onde assistir? Disney+
Carol Cassoli
Carol Cassoli

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