Skinamarink: os combinados não feitos que tiraram a canção do tom

(Foto: Divulgação)

Hoje, chega aos cinemas o longa Skinamarink, um terror que promete perturbar o público com sua abordagem pouco vista até então. Com uma pegada experimental e toques de casa de arte, o filme pretende criar um ambiente imersivo para o espectador que, preferencialmente, deve assistir ao longa em um local escuro e de fones de ouvido. É que a proposta gira em torno de um terror psicológico: a ideia é que o espectador se sinta  tão desnorteado quanto a dupla de irmãos que acorda numa manhã sem qualquer responsável por perto e percebe que, além da figura paterna, há algo mais faltando na casa, que já não tem mais portas ou janelas.


De enquadramento não convencional, o filme causa estranhamento já nos primeiros minutos. Isso acontece porque ninguém espera que as cenas permaneçam como estão; contemplativas. Eu mesma levei longos 12 minutos para entender que não se tratava de uma introdução à história, mas sim de um estilo próprio do diretor e roteirista Kyle Edward Ball. Ao longo da trama, percebe-se que o cenário não mudará, tampouco o enquadramento ou o espaçamento entre as poucas falas dos personagens principais, cujos diálogos são quase sussurrados. 


E é através da sucessão de cenas de paredes, tetos e assoalhos que conseguimos nos localizar minimamente dentro da casa onde todas as coisas somem. Algo que, de fato, não acontece com o resto da história. Tal qual um pesadelo, Skinamarink nos deixa órfãos não só de pai e mãe, mas também de informações. E é isso que torna o filme angustiante: a falta de noção do que está acontecendo não só pelo recurso estético, mas também pelo fio condutor da narrativa que, de tão fino, ou se esvai ou deixa de ser procurado pelo espectador.


Em Skinamarink faltam portas e janelas e sobram interrogações. Inicialmente, pensei que o diretor esqueceu de combinar algo com o espectador. Depois, percebi que a intenção era exatamente essa. E, sem informações, não consegui me conectar profundamente com a história, mas, ainda assim, me peguei pensando em suas subjetividades e no que elas são capazes de representar. 

 

Assim, não acredito que o filme seja perturbador - pelo menos não da maneira que estamos habituados. Desnorteante, certamente ele o é. No fim do dia, duas coisas se sobressaem em Skinamarink: a ousadia de Ball e a confusão despertada pelo filme. 



Título Original: Skinamarink

Direção e roteiro: Kyle Edward Ball

Elenco: Lucas Paul, Dali Rose Tetreault, Ross Paul, Jaime Hill

Distribuição: A2 Filmes

EUA - 2022 -100 min. - Terror – Suspense - 14 anos

Nota: 5


Carol Cassoli
Carol Cassoli

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