
(Foto: Divulgação/Meta)
Em meados do ano passado, a Meta lançou avatares 3D em suas redes sociais; uma tentativa quase frustrada de seguir os avatares interativos da Apple e da Samsung. Segundo anúncio da empresa, a intenção era popularizar o metaverso - iniciativa bem excludente e igualmente capital - entre os usuários. Os avatares nada mais são do que representações dos usuários no digital. Na teoria, cada um poderia ter seu próprio emoji (um avanço e tanto para quem viveu os códigos utilizados no MSN). Na prática, os bonecos contam com uma gama de possibilidades para personalização e, no fim, não ficam parecidos nem com os donos; nem com ninguém.
Com um boom de curiosidade dos usuários, diversos avatares foram criados quando a função ficou disponível, também, para Instagram (já que tudo começou na área de testes da Meta, o Facebook). Depois, com a dificuldade em salvar o boneco, os avatares 3D foram caindo em desuso antes mesmo de a empresa criadora anunciar, em outubro, uma nova geração de bonecos no Meta Connect. A partir de então, os bonecos passaram a ter corpos e feições aprimoradas. E, mais recentemente, chegaram ao WhatsApp; onde se tornam figurinhas para reações em conversas.
O problema é que nada disso é capaz de resolver o maior dos problemas dos avatares 3D: eles não causam reconhecimento em seus usuários e, por isso, também não geram o envolvimento esperado. E nem todo o investimento e estratégia do mundo são capazes de resolver isso. Cara, é incrível como o avatar 3D da Meta consegue oferecer tantas combinações de características e, mesmo assim, ninguém consegue se sentir pertencente através de seu avatar. Falo isso por mim, mas também pelo próprio Zuckerberg que, em agosto, virou chacota após divulgar seu avatar.
Ao contrário do esperado, na verdade, alguns avatares chegam a causar certo desconforto nos usuários. E tudo isso, em certo nível, beira a ironia. Tentamos como nunca criar universos incrivelmente realistas - como o metaverso deveria ser - e falhamos miseravelmente como sempre.
Não sei exatamente como propor uma solução para tudo isso, mas acredito que um caminho possível seja a autoaceitação. Precisamos (no coletivo, sim) aceitar quem somos e ressignificar a nossa imagem para algo bom. Isto não está relacionado apenas a avatares, mas também a disforia que alimentamos diariamente quando distorcemos nossos corpos com filtros de um outrem ideal; uma pessoa que dificilmente existe na vida real.
E, toda vez que penso sobre isso, me pergunto qual a nossa intenção. Será que um dia vamos entender que o digital já reproduz, há muito tempo, o real e isso não está, em momento algum, relacionado à verossimilhança da imersão?
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