CAFÉ COM PAUTA: Breno Leite Brito e sua chuva de vento


(Foto: Beatriz Lauria)

Olá, Clubinhers! Sou Beatriz Lauria, do bookgram @somaisesseparagrafo, e conversei com Breno Leite Brito, autor paraibano, que lançou este ano o seu primeiro romance, intitulado “Chuva de Vento”. O livro nos apresenta a história de Judith, uma mãe que viaja de João Pessoa a Maceió em busca de reconstruir a relação com seu filho mais velho, André. Durante a viagem, Judith percebe que há muito o que reconstruir e redescobrir com relação à sua família, especialmente a mãe, uma mulher severa e bastante tradicional.

Breno se descreve como uma mente criativa e, nessa entrevista para o Clube Café da Manhã, ele nos conta sobre seu processo criativo, inspirações, desafios e até mesmo um pequeno spoiler sobre os livros novos que vêm por aí... Confiram abaixo a entrevista na íntegra:

1. “Chuva de Vento” é o seu romance de estreia. Quando você teve a ideia de escrever esse livro e o que o inspirou?

Eu tive a ideia para “Chuva de Vento” aos 14 anos de idade, durante uma viagem que eu fazia de João Pessoa a Porto de Galinhas. No meio do caminho, um dia ensolarado virou um temporal e aquela imagem da chuva de vento batendo no pára-brisa do carro ficou muito marcante na minha cabeça durante toda aquela viagem. Assim que eu cheguei em casa eu escrevi em um bloquinho de notas como um conto, esqueci, depois reencontrei e coloquei num blog que eu tinha. Eu esqueci o blog também e, aos 20 (anos) mais ou menos, eu reencontrei aqueles escritos no blog e foi quando eu decidi que aquele deveria ser o meu primeiro romance. E aí eu teci todo o romance e ampliei a história, já um pouco mais velho, e 16 anos depois da inspiração, eu finalmente publiquei.

2. E sobre inspirações no geral, quais são as suas?

Eu costumo dizer que eu me inspiro em tudo que eu vivo, que eu faço, tudo que eu escuto vira uma inspiração. Eu gosto muito de tratar de temas sociais, tratar de histórias que muitos diriam ser ordinárias, mas são essas histórias que mais me chamam a atenção. Principalmente histórias daquelas pessoas que são marginalizadas, pessoas que não têm um local de fala, não têm de fato uma voz. Não tem quem as escute. Eu busco dar voz àquelas histórias que ninguém quer ouvir. Também me interesso muito em dramas psicológicos, um pouco de suspense, um pouco de mistério, mas eu gosto muito dos temas sociais mesmo. São as histórias que mais me fascinam.

3. As personagens de “Chuva de Vento” são muito familiares, é como se o leitor conhecesse uma Judith, uma Fátima ou até mesmo uma Luíza. Como foi a criação de personagens tão marcantes?

Eu me diverti muito criando os personagens desse livro. Nenhum deles é um personagem real, eu não tirei tantas inspirações de pessoas que eu conheço, mas sim do meu histórico com filmes, livros e novelas. Eu queria que, além de tudo isso, que cada personagem fosse bem humano. Eu queria que todas as ações, tanto dos bonzinhos quanto dos malvadinhos, fossem justificadas, não queria que nada fosse gratuito. Amélia é uma personagem que eu gosto muito no primeiro livro, eu gostei muito de criar, é uma representação de toda a minha loucura. Tudo que eu queria fazer de louco, e que eu não fiz, eu coloquei na Amélia.

4. Eu amo quando eles estão no carro cantando ABBA (eu facilmente seria amiga do Marcelo) e a confusão no hospital… Você tem uma parte preferida do livro?

Essa pergunta é bem complicada. Essas duas partes que você citou são muito boas mesmo. Eu rio com meu próprio diálogo, eu acho que isso deve ser patético (risos). Mas eu acho muito engraçado o diálogo do hospital. A minha parte favorita do livro de fato é a conversa entre Judith e André na Praia do Francês. Talvez tenha sido a parte que eu mais tive dificuldade de escrever quando eu fui transformar em um livro, mas que eu fiquei mais orgulhoso de ter escrito.

5. Sendo um autor jovem na cena literária, qual você acha que é a sua maior vantagem e maior desafio na hora da escrita?

Eu acho que uma vantagem da hora na escrita é que hoje nós escrevemos em uma ferramenta de pesquisa, uma ferramenta de busca. Qualquer dúvida rápida que a gente tenha, a gente já pode botar no Google, dar um enter e tá tudo certo geralmente, né (risos). Não sei como um autor jovem, mas um dos maiores desafios pra mim hoje, para escrever, é ter tempo. Tempo é uma coisa que eu estou precisando muito nos últimos tempos e eu não tenho. Inspiração eu tenho direto, eu só preciso ter tempo de sentar que rapidinho vem um capítulo.

6. Comenta um pouco sobre o teu processo de criação. Você tem um ritual de escrita ou é mais livre?

Quando eu escrevi a ideia de “Chuva de Vento”, aos 14, parecia que minha cabeça estava clamando por essa escrita. Eu comecei com o título, com a viagem, e a minha cabeça foi preenchendo o resto. Parecia que ela já estava pronta para tecer o resto e assim foi. Quando fui transformar o livro em romance, de fato eu só precisei expandir a história com mais detalhes para que ficasse algo mais completo. E aí as ideias já iam rapidamente na cabeça à medida em que eu ia escrevendo. Como eu falei antes, a minha criação vem em qualquer situação da minha vida, qualquer coisa me inspira. Para escrever varia muito também, por exemplo: Eu estou escrevendo outra obra que eu sei como os personagens vão começar e como cada personagem vai acabar. Eu não montei uma estrutura do que vai acontecer no meio do caminho, a cada capítulo que eu escrevo eu estou criando na hora algo novo para que ele chegue naquele objetivo, que é o final do livro.

7. Eu lembro que existem alguns novos livros vindo por aí… O que podemos esperar das suas futuras obras?

Eu tenho um rascunho, não é bem um rascunho, é a sequência de “Chuva de Vento” praticamente pronta (risos). Eu planejo que seja uma trilogia. O segundo livro está pronto, eu preciso revisá-lo, tem muitas coisas que eu preciso corrigir, algumas que eu preciso mudar e o terceiro livro está no caminho também. Fora isso, eu estou trabalhando em um outro romance, esse que eu acabei de falar sobre os personagens, que… eu não vou falar o título agora (risos). Mas envolve uma vila com seis casinhas e cada casinha tem seus familiares e seus problemas.

(Foto: Arquivo pessoal/Beatriz Lauria)
8. Agora abro para perguntas sugeridas pelos meus seguidores: Que tipo de livro você escreveria se soubesse que ninguém teria acesso a ele? Top secret.

Eu acho que eu não escreveria nada para ser secreto. Se eu quero, entre aspas, bem vagamente, “perder meu tempo” escrevendo, eu não quero que seja uma coisa que seja secreta. Tudo que eu escrever eu quero que seja público. Eu não tenho nada a esconder a ninguém.

9. Se pudesse ler apenas um livro/autor para o resto da vida, qual/quem seria?

Nossa, que pergunta dificil, muito dificil. Talvez a mais difícil até agora. Não sei. Eu acho que eu vou dar um chute e vou falar… Caramba... Saramago. Eu gosto muito da escrita dele e acho os livros dele fantásticos.

10. Em que momento você se enxergou como autor e se apropriou do seu texto?

Eu acho que foi próximo dos 20 anos, quando eu, em terapia, percebi que eu poderia estar perdendo muito tempo sem colocar no papel de fato as coisas que eu sentia, que eu vivenciava, e poderia lidar de uma maneira melhor se eu escrevesse. Não tão sobre elas, não de maneira biográfica, mas que eu colocasse pra fora os sentimentos através da escrita. Inclusive eu acho que concluir “Chuva de Vento” foi uma das maiores terapias da minha vida.

11. Um outro autor me sugeriu a seguinte pergunta: Como é ter uma profissão que precisa de outra para ser sustentada?

(risos) É triste. Seria ótimo viver de escrita. Qualquer área que seja, seja só vendendo livros, seja vendendo roteiro, escrevendo roteiros, novelas, seria ótimo viver disso. Enquanto não conseguimos, bom, eu dou meus pulinhos.

12. Agora é o seu momento! Por que alguém deveria ler “Chuva de Vento”?

Porque é uma história que poderia ser a minha história, a sua história, a de qualquer pessoa próxima que a gente conheça. É uma história tão íntima, tão pessoal que poderia ser de várias pessoas que estão nos cercando. É uma história que pode até ser inspiradora. Eu acho que, além de ser uma história bem divertida, além de quem quer dar só uma risada, também pode querer se inspirar com meu livro.


O livro “Chuva de Vento” pode ser adquirido através do site da Editora Viseu e na Livraria do Luiz, no Mag Shopping. Agradecemos à Breno por conceder a entrevista e desejamos sucesso em toda a sua trajetória!
Colaborador (a) do Clubinho
Colaborador (a) do Clubinho

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