
(Foto: Diamond Films/Divulgação)
Depois de assistir à pré-estreia nacional de Fale Comigo, no Imagineland, duas sensações me seguiram para fora da sala do maior cinema da Paraíba, o Centerplex Pedra do Reino: tecnicamente falando, o filme não explora muito mais do que os filmes de terror pop que têm sido lançados aos montes atualmente e simbolicamente falando, este é um filme que, no campo das ideias, fala sobre solidão. Ele poderia, no entanto, falar sobre solidão em qualquer outro gênero.
Australiano (com direito à participação especial de um canguru para comprovar a nacionalidade da trama), Fale Comigo chegou aos cinemas no dia 17 e, desde suas pré-estreias Brasil e mundo afora, tem gerado comoção no público que já chegou a considerá-lo o melhor terror do ano (desbancando a bomba, digo, a obra Skinamarink), com bons índices de aprovação nos agregadores de crítica audiovisual. Por isso mesmo, o longa, dirigido pelos gêmeos Danny e Michael Philippou, já é a segunda maior estreia da A24, ficando atrás apenas de Hereditário.
Com um fio condutor atual e apelo para o campo espiritual, o filme conta a história de um grupo de jovens - chamá-los de amigos é muito forte até para mim, que sou quase tão insegura no que tange a minhas amizades quanto a protagonista Mia - que se reúne para conjurar espíritos através de uma mão embalsamada. Os corajosos devem entrar em contato com os espíritos, invocando-os com um aperto de mão. “Fale comigo”, convida o vivo, que, ao visualizar o morto, deve ceder o corpo com “pode entrar”. Até que algo dá errado, muito errado. E, a partir da proposta, é possível entender o interesse coletivo na trama, já que, em teoria e muitas aspas, ele agrada a gregos, troianos, jovens, adultos e apreciadores do gênero.
Apesar do hype, no entanto, o filme tem estrutura narrativa básica (para não ofender a clássica). Além disso, os personagens (todos eles) são mal explorados, existem questões em aberto (o filme termina sem solução) e a melancolia de Mia, bem interpretada por Sophie Wilde, acaba se tornando maior que a própria personagem, sedenta por qualquer migalha de atenção (nem que seja através de possessões consentidas).
Será então que é mesmo o caso de tratarmos Fale Comigo como o “melhor do ano” ou se trata da euforia de uma sociedade doente, solitária e vazia assistindo a um filme sobre si mesma? Em tempos de A24 (e do impecável Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo), no entanto, é quase impossível ter o senso crítico necessário para dissociar a obra de sua distribuidora (e das maravilhas que ela tem distribuído, como meus adorados slashers X - A Marca da Morte e Pearl).
Dito isto, para passar um tempo com os amigos em um sábado à noite: joia. Fale Comigo consegue o selo de aprovação das obras para se assistir enquanto comenta o quão solitária é a vida de Mia e a sua também.
Nota: 7.5/10
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