Loucas em Apuros reflete de forma crua e divertida as nuances das amizades femininas

(Foto: Divulgação/IMDB)

As histórias que retratam amizades femininas são mais poderosas, representativas e inspiradoras do que o velho clichê de mulheres que se odeiam e se diminuem. Em um ano que temos Barbie como uma das principais estreias do cinema, um filme que, acima de tudo, propõe um diálogo sobre o ser feminino e sua existência na sociedade, Loucas em Apuros surge como um outro lado dessa mesma moeda.

O filme de Adele Lim, roteirista de “Podres de Ricos” e “Raya e o Último Dragão”, da Disney, é uma comédia escrachada que não tenta ser discreta ou sutil. Tive oportunidade de assisti-lo no último fim de semana, no Centerplex Pedra do Reino, o maior cinema do nordeste, instalado no Imagineland, evento que aconteceu em João Pessoa. Hoje vim te contar quais foram as minhas impressões.

No elenco, temos nomes como Ashley Park (Emily In Paris) e Stephanie Hsu (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo), que se juntam a Sherry Cola e Sabrina Wu. Só os dois principais nomes já foram suficientes pra me despertar interesse na história. Porém, o fato de ser uma comédia pastelão de mulheres asiáticas, trazendo um estilo já conhecido com uma roupagem diferente foi o que me conquistou de vez.

Em resumo, acompanhamos a advogada certinha Audrey em uma viagem de negócios acompanhada da sua melhor amiga, a desinibida Lolo. Para somar nessa aventura, Lolo convida sua prima apelidada de “Olho de Peixe Morto”. Quando chegam na China, a amiga de faculdade de Audrey, a “promíscua-agora-crente-escolhi-esperar” Kat se junta ao trio. O que, aparentemente, seria uma viagem rápida e sem grandes eventos, logo se torna uma busca pessoal sobre família e identidade com uma teia de mentiras, risadas, cocaína, grupos de K-pop e ménage.

Como podem imaginar: na sala de cinema, um surto. Muitas e muitas cenas que me fizeram questionar o que diabos eu estava assistindo ali. Contudo, são nesses momentos que me peguei dando as maiores gargalhadas, comprovando que o filme estava cumprindo o seu papel. Loucas em Apuros brinca com esteriótipos sem deixar de criticá-los quando necessário, usa bem o pano de fundo asiático-americano, trabalha a questão da identidade e não deixa de explorar a força da amizade.

Como antecipei ali em cima, acredito muito mais no potencial das histórias de amizades femininas do que nas de rivalidade, como em produções tal qual Sex and The City, Quatro Amigas e Um Jeans Viajante, Três Espiãs Demais, The Bold Type, entre outros títulos. Justo por isso, Loucas em Apuros não só me divertiu, mas me reafirmou esse tipo de pensamento. E ter assistido ao lado de amigas que são igualmente importantes pra mim corroborou com isso.

A história tem a mesma energia de “A Viagem das Garotas”, filme que conheci recentemente sob a mesma premissa de Loucas em Apuros, mas que tem protagonistas negras. O fato do contexto ser, aparentemente o mesmo, muda com a representatividade das atrizes, visto que a partir de uma nova realidade, surgem outros problemas. E esse é um dos pontos altos dessas obras.

Loucas em Apuros diverte, emociona e cumpre seu papel de escrachar o máximo de absurdos possíveis que só quem já teve um tipo de diálogo parecido – e (quase) beirando ao ofensivo de milhares de leis ou direitos humanos – pode entender. É o tipo de situação que só acontece quando você pode ser você mesmo, sem firulas e sem armaduras, ao lado do seu grupo de melhores amigos – ou, nesse caso em específico, de melhores amigas.

É um longa que tem de tudo. Vai ter um humor quase escatológico, vão ter dramas tidos como femininos, problemas de carreira, piadas sexuais, dramas familiares e problemas entre amizade também, sendo o mais realista que poderia ser, dentro do que propõe. Se vale a pena ir ao cinema assistir Loucas em Apuros? Com certeza! Mas, definitivamente não é um humor pra todos os gostos.

Loucas em Apuros é o tipo de filme que vai ter quem ame e quem odeie. Felizmente, estou no primeiro grupo.

Nota:
8.5/10
Beatriz de Alcântara
Beatriz de Alcântara

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