(Imagem: Divulgação/Netflix)
O fantasma das adaptações live-action dos mangás e animes assombra Hollywood há tempos. É fato que tivemos alguns acertos, ainda mais se contarmos com produções do próprio Japão. Porém, a proporção de fracasso é consideravelmente maior do que a de sucesso. Por conta desse histórico, a apreensão foi inevitável quando anunciaram outra tentativa nesse universo de quadrinhos. Só que, desta vez, a responsabilidade era muito maior. One Piece é um fenômeno mundial. Adorado por fãs de toda parte, há mais de duas décadas. O medo cresceu ao sabermos que a série seria feita pela mesma dupla responsável por Cowboy Bebop (2021): Netflix e Tomorrow Studios. Essa parceria resultou em um cancelamento precoce, depois de apenas uma temporada. Felizmente, o pessimismo deu lugar à surpresa após vermos oito episódios coesos e não tão distantes do material original.
One Piece é um mangá criado em 1997 por Eiichiro Oda e que está em publicação até os dias de hoje. E agora, em 2023, essa história finalmente foi expandida para uma nova mídia, apresentada com atores de verdade. Acompanhamos as aventuras de Monkey D. Luffy (Iñaki Godoy), um jovem pirata que se lança ao mar com o sonho de ser o Rei dos Piratas, título concedido àquele que encontrar o lendário tesouro que recebeu o nome de One Piece. Tudo se passa em um universo fantástico, em que as pessoas podem ter poderes caso comam as Akumas no Mi, ou Frutas do Diabo, aumentando os riscos para todos que queiram alcançar tal façanha. Nesta primeira temporada, assistimos os desafios iniciais desse jovem sonhador, ao mesmo tempo em que ele recruta uma tripulação leal.
É importante começar falando sobre o protagonista. Em um dos inúmeros materiais extras divulgado pelo Oda ao longo dos anos, ele disse que, se o Luffy existisse no nosso mundo, seria brasileiro. Bom, o Iñaki Godoy não é, mas podemos concordar que os mexicanos talvez sejam o povo mais próximo da gente, então dá para perdoar. Acima de tudo, ele provou ser o Luffy perfeito. Era vital que a escolha do ator fosse acertada. Afinal, o Luffy é a alma desta história. O carisma para o papel é imprescindível, combinado com uma efusividade sem fim. E conseguimos ver isso em tela. São características difíceis de transferir de uma página de um mangá intencionalmente caricato para uma série live-action. O mínimo erro no tom usado seria desastroso, afastando de vez o público casual. Ainda bem que isso não é um problema.
Entretanto, nem tudo é perfeito. Os showrunners Steven Maeda e Matt Owens tinham a árdua missão de fazer essa adaptação, e mudanças eram esperadas, além de necessárias. Mesmo assim, o ritmo acelerado para que a saga do East Blue coubesse nos oito episódios tira um pouco da profundidade da trama. Por conta disso, não conseguimos nos conectar tanto com as particularidades de alguns personagens, principalmente quando eles chegam em uma nova localidade. Somos levados para a ação sem muita delonga. Essa opção é compreensível por ter que ser causada uma boa impressão logo, mas é algo que pode prejudicar no longo prazo caso continue a ser feito de maneira descabida. O destaque negativo também vai para algumas interações no bando que estão meio engessadas e, principalmente, a utilização do Vice-almirante Garp (Vincent Regan) que, apesar de funcionar no fim das contas e servir para dar desenvolvimento ao Koby (Morgan Davies), beira a descaracterização em certos momentos.
(Imagem: Divulgação/Netflix)
Porém, quando comparamos com os acertos, fica fácil de esquecer essas falhas. Um dos maiores receios prévios eram os efeitos especiais e posso dizer com tranquilidade que eles não prejudicam em nada o produto final. Além disso, a série consegue emocionar nos mesmos pontos da história original, como quando o Shanks (Peter Gadiot) passa o chapéu de palha para o jovem Luffy (Colton Osorio) e vários outros exemplos. A atuação do Jeff Ward, que interpreta o Buggy, é digna de nota. Os flashbacks introdutórios dos membros do bando principal, Zoro (Mackenyu), Nami (Emily Rudd), Usopp (Jacob Gibson) e Sanji (Taz Skylar), tão marcantes para os fãs de longa data, são perfeitamente encaixados, algo que o próprio Oda ressaltou que não poderia faltar. Também não há vergonha do que precisa ser ridículo, como as roupas e caracterizações dos personagens.
Mudanças existem, mas a essência é mantida e a preocupação de trazer momentos icônicos é evidente. Os easter eggs estão lá, só que eles não se sobrepõem ao que importa, resultando em uma trama bem interligada. O principal obstáculo já foi superado, e o desafio agora é conquistar uma audiência da qual não tinha conhecimento prévio do que é One Piece. Caso tenhamos sorte, esperamos ser brindados com uma sequência ainda mais grandiosa e empolgante. Merecemos.
Nota: 9/10
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RESENHA: One Piece (1ª Temporada)
In: Anime, Crítica, Eiichiro Oda setembro 05, 2023 Texto por: Micael MenezesVocê também pode gostar
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